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NARCOTRÁFICO
Gravações autorizadas pela Justiça indicam suposta venda de habeas corpus para libertar integrantes de quadrilha
Polícia Federal investiga juízes e deputado
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal investiga o suposto envolvimento de desembargadores da Justiça Federal, de
um ministro do STJ (Superior
Tribunal de Justiça) e de um deputado federal com uma quadrilha de traficantes de drogas. O
grupo teria movimentado, pelo
menos, cerca de US$ 4 milhões
entre 2000 e 2002 -R$ 15 milhões
pela cotação de ontem.
O envolvimento das autoridades estaria na suposta venda de
habeas corpus para libertar traficantes eventualmente detidos. Segundo a Polícia Federal, gravações autorizadas pela Justiça mostram conversas do deputado Pinheiro Landim (PMDB-CE) com
Leonardo Dias Mendonça, considerado o maior traficante do país
pela PF e preso na segunda-feira.
Em dezembro de 2000, após ser
preso pela PF, Mendonça foi libertado por uma decisão da 6ª
turma do STJ. Em outubro daquele ano, a 4ª turma do Tribunal
Regional Federal da 1ª Região
também havia concedido habeas
corpus para o traficante.
Segundo revelou ontem o "Jornal Nacional", entre as 400 gravações feitas pela PF, Landim apareceria dando orientações a Mendonça sobre habeas corpus. Também haveria gravações do secretário particular do traficante
mandando um doleiro depositar
dinheiro em contas do motorista
do deputado, José Antônio de
Souza, também preso na segunda-feira. Na casa do motorista foram encontrados mais de R$ 120
mil em dinheiro.
A suposta intermediação de
Landim na venda dos habeas corpus envolveria também um assessor do deputado, Igor da Silveira,
filho do desembargador Eustáquio da Silveira. O desembargador divulgou nota negando ter facilitado a concessão de habeas
corpus para Mendonça.
No total, 23 pessoas foram detidas na segunda-feira, após uma
longa investigação batizada de
"Operação Diamante".
Além da suspeita de compra de
habeas corpus, a quadrilha agiria
trazendo droga da Colômbia, em
contato direto com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da
Colômbia), e remeteria o material
para São Paulo e para o exterior.
Processo
O procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro. Ele decidirá nos próximos dias se recomenda ou não ao STF (Supremo Tribunal Federal) o aprofundamento da investigação sobre a eventual participação do deputado Pinheiro Landim em tráfico internacional de drogas.
Brindeiro disse que recebeu anteontem a cópia do inquérito instaurado pela Polícia Federal em
Goiás -origem da investigação
nacional. O inquérito havia sido
remetido ao STF (Supremo Tribunal Federal) devido ao envolvimento do deputado.
O procurador informou que já
começou a examinar o material e
que não sabe quando enviará o
parecer ao ministro do STF
Sydney Sanches, designado relator do caso.
Há três possibilidades: ele decidir pelo arquivamento da apuração por falta de indícios, requisitar ao STF que a PF faça diligências em busca de provas ou oferecer a denúncia criminal (para
abertura de processo) se entender
que há elementos suficientes.
Sanches disse que enviou a documentação a Brindeiro sem lê-la.
Brindeiro afirmou que não comentaria o caso porque ele corre
em segredo de justiça. Segundo o
procurador-geral, o material foi
entregue em envelope lacrado
com carimbo de sigiloso na parte
externa e em todas as folhas.
Em tese, Sanches poderá suspender o segredo de justiça que
cerca o caso se receber recomendação de Brindeiro nesse sentido.
Com isso, as gravações poderão
ser divulgadas.
(IURI DANTAS)
Colaborou SILVANA DE FREITAS, da
Sucursal de Brasília
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