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TRÂNSITO
Secretários tentam barrar multa mais leve
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
Secretários e dirigentes de
transporte e trânsito tentam articular um manifesto contra o projeto aprovado anteontem na CCJ
(Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados,
que modifica as atuais regras de
punição para os motoristas que
excedem a velocidade.
O projeto, do deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), cria uma
penalidade intermediária que
abranda a situação de quem ultrapassa os limites em até 50%.
Quando a velocidade for até
20% superior à permitida, a multa
será considerada média (quatro
pontos, R$ 85,13), e não grave
(cinco pontos, R$ 127,69), como é
classificada hoje nas vias de maior
porte -estradas, rápidas e arteriais. Entre 20% e 50% acima do
limite, será grave, e não mais gravíssima (sete pontos, multiplicada por três, R$ 574,62).
Essa última classificação, que leva à suspensão do direito de dirigir, será dada apenas para a velocidade que for mais de 50% superior à da sinalização. Diferentemente do que ocorre atualmente,
a proposta adota critérios uniformes, independentemente do tipo
de via -hoje, nas de menor porte
(coletoras), a infração é gravíssima somente quando a velocidade
for acima de 50% da permitida.
Em São Paulo, segundo dados
da CET (Companhia de Engenharia de Trânsito), 16,25% das multas por excesso de velocidade em
2003 foram gravíssimas.
As mudanças estabelecidas no
projeto (que ainda será analisado
no Senado) sofreram críticas nas
reuniões dos fóruns nacional e
paulista de secretários e dirigentes
de transporte e trânsito, que começaram ontem e terão continuidade hoje na capital paulista.
As principais reclamações referem-se à sensação de impunidade
que a proposta poderá estimular e
ao efeito simbólico de fazer mudanças no Código de Trânsito
Brasileiro, em vigor desde 1998,
apenas para beneficiar infratores.
O presidente da CET, Francisco
Macena, e a diretora-executiva-adjunta da ANTP (Associação
Nacional de Transportes Públicos), Cristina Baddini, declararam que está sendo discutida a
possibilidade de lançar uma carta
no final do encontro recomendando a rejeição do projeto.
O excesso de velocidade é uma
das principais razões para a violência no trânsito -os radares levaram à redução de 30% das mortes desde 1997 em São Paulo.
"Não é prudente mexer no código só para atenuar punições", disse Jurandir Fernandes, secretário
dos Transportes Metropolitanos e
ex-presidente do Departamento
Nacional de Trânsito.
O deputado Albuquerque, ex-secretário dos Transportes do Rio
Grande do Sul, diz que a mudança
visa apenas tornar a punição mais
justa. "Não se trata de nenhuma
isenção, mas de uma punição de
acordo com a gravidade."
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