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PF também responsabiliza 3 operadores por acidente
Eles serão apontados em relatório como co-responsáveis pela colisão com Legacy
Documento vai responsabilizar também pilotos do jatinho e deficiência no sistema de radares da Aeronáutica
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No relatório parcial que será
entregue à Justiça Federal
amanhã, a Polícia Federal vai
apontar que, dos 13 controladores de tráfego aéreo ouvidos no
inquérito sobre o acidente com
o Boeing da Gol, três tiveram
responsabilidade maior. Um
deles é da torre de controle de
São José dos Campos (SP) e
dois são da torre de Brasília.
O delegado da PF Ramon da
Silva Almeida pedirá prorrogação do prazo do inquérito, que
vence amanhã.
Como a maioria dos controladores de vôo são da Aeronáutica, mas realizam uma atividade considerada civil, a PF consultará a Justiça para saber como tratá-los no inquérito: se
como pessoas comuns, sujeitas
a indiciamento, ou se apenas
deve apontar as irregularidades
identificadas, sugerindo o indiciamento, mas deixando a decisão para o tribunal militar.
Conjunto de falhas
No relatório parcial, a Polícia
Federal vai relacionar os erros
cometidos por cada um dos
controladores, mas sem associá-los a eventuais crimes. Conforme a Folha antecipou na semana passada, o relatório final
não apontará um único grupo
culpado pelo acidente, mas sim
uma conjunção de falhas e responsabilidades.
Os pilotos do jato executivo
Legacy, que se chocou com o
Boeing da Gol em 29 de setembro, provocando a morte de 154
pessoas -foi o maior acidente
da aviação civil brasileira-, foram indiciados na semana passada. Joe Lepore e Jan Paladino, que são norte-americanos,
teriam colocado em risco a segurança do tráfego aéreo, por
não terem respeitado o plano
de vôo.
Os controladores de tráfego
aéreo não perceberam que o
Legacy estava fora de sua rota
original, não corrigindo-a nem
alertando os pilotos do avião da
Gol sobre esse fato.
O relatório final levará em
consideração também um terceiro fator, que é a deficiência
do sistema de radares da Aeronáutica na região entre Mato
Grosso e Manaus, onde há
"áreas cegas" -a passagem de
aeronaves não não é captada
devidamente .
Os três fatores
Em resumo, na visão da PF, o
acidente não teria ocorrido se:
1 - Os tripulantes do Legacy
tivessem respeitado o plano de
vôo ou insistido no contato
com o centro de Brasília;
2 - Os controladores de vôo
tivessem detectado que o Legacy voava a uma altitude não
prevista. Dessa forma, mesmo
sem conseguir entrar em contato com o jatinho, poderiam
ter avisado a tripulação do
Boeing da Gol para que desviasse da rota;
3 - Se não houvesse "áreas cegas" entre os radares, os controladores de vôo poderiam ter
detectado com mais facilidade
que o jato executivo não se encontrava na altitude prevista
em seu plano.
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