São Paulo, quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

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PM usa bombas e gás para desbloquear a marginal

Moradores da favela Real Parque protestaram contra a destruição dos barracos

Reintegração de posse começou às 6h; às 10h, a via expressa da marginal Pinheiros foi interditada e ficou 15 min bloqueada

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
DA REPORTAGEM LOCAL

Mais de 70 PMs usaram bombas de efeito moral e sprays de gás pimenta para dispersar moradores da favela Real Parque que interditaram a via expressa da marginal Pinheiros em protesto contra a derrubada de seus barracos. A maioria dos 50 manifestantes era mulher e criança.
"Não jogamos spray em crianças. As pessoas usaram crianças como escudo. Não dava para dispersar o grupo sem usar o gás pimenta. Foi melhor do que bater", afirmou o capitão da PM Ezequiel Morato.
Os manifestantes ocuparam a via expressa às 10h, o que agravou o trânsito. A PM tentou negociar a retirada, mas não houve acordo. Então os expulsou após 15 min.
Os manifestantes atiraram paus e pedras. Também teve conflito na favela. Ninguém foi preso, mas moradores citaram quatro feridos por balas de borracha. A PM nega.
A desempregada Maria Lúcia Lopes da Silva, 28, grávida de oito meses, passou mal e foi levada ao hospital. "Estão jogando bomba aqui dentro. Tem muita fumaça. Eu já perdi um filho, não quero perder outro."
Os moradores souberam às 6h, por um oficial de Justiça, que havia uma liminar concedida à Emae (Empresa Metropolitana de Água e Energia), ligada à Secretaria de Estado de Saneamento, para a reintegração.
Tiveram duas horas para retirar seus pertences antes da derrubada dos barracos.
O terreno invadido mede 17.300 m2 e está avaliado em R$ 5,5 milhões. Segundo a subprefeitura do Butantã, estava ocupado havia três meses por 140 barracos, mas só 40 habitados.
Alguns dos barracos destruídos são investigados pelo Ministério Público por suspeita de serem construídos por falsos moradores com o objetivo de receber o auxílio da prefeitura chamado "cheque-despejo", que chegaria a R$ 5.000.
Esse auxílio, no entanto, não se aplicaria a este caso porque a área não é de risco.
A subprefeitura informou que ofereceu caminhões e albergues aos desalojados. A Emae diz que deu um mês de hotel e passagens de ônibus para quem quis voltar à cidade de origem. (CINTHIA RODRIGUES, KLEBER TOMAZ E ROGÉRIO PAGNAN)

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