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PM usa bombas e gás para desbloquear a marginal
Moradores da favela Real Parque protestaram contra a destruição dos barracos
Reintegração de posse começou às 6h; às 10h, a via expressa da marginal Pinheiros foi interditada e ficou 15 min bloqueada
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
DA REPORTAGEM LOCAL
Mais de 70 PMs usaram
bombas de efeito moral e
sprays de gás pimenta para dispersar moradores da favela
Real Parque que interditaram a
via expressa da marginal Pinheiros em protesto contra a
derrubada de seus barracos. A
maioria dos 50 manifestantes
era mulher e criança.
"Não jogamos spray em
crianças. As pessoas usaram
crianças como escudo. Não dava para dispersar o grupo sem
usar o gás pimenta. Foi melhor
do que bater", afirmou o capitão da PM Ezequiel Morato.
Os manifestantes ocuparam
a via expressa às 10h, o que
agravou o trânsito. A PM tentou negociar a retirada, mas
não houve acordo. Então os expulsou após 15 min.
Os manifestantes atiraram
paus e pedras. Também teve
conflito na favela. Ninguém foi
preso, mas moradores citaram
quatro feridos por balas de borracha. A PM nega.
A desempregada Maria Lúcia
Lopes da Silva, 28, grávida de
oito meses, passou mal e foi levada ao hospital. "Estão jogando bomba aqui dentro. Tem
muita fumaça. Eu já perdi um
filho, não quero perder outro."
Os moradores souberam às
6h, por um oficial de Justiça,
que havia uma liminar concedida à Emae (Empresa Metropolitana de Água e Energia), ligada à Secretaria de Estado de Saneamento, para a reintegração.
Tiveram duas horas para retirar seus pertences antes da
derrubada dos barracos.
O terreno invadido mede
17.300 m2 e está avaliado em R$
5,5 milhões. Segundo a subprefeitura do Butantã, estava ocupado havia três meses por 140
barracos, mas só 40 habitados.
Alguns dos barracos destruídos são investigados pelo Ministério Público por suspeita
de serem construídos por falsos moradores com o objetivo
de receber o auxílio da prefeitura chamado "cheque-despejo", que chegaria a R$ 5.000.
Esse auxílio, no entanto, não
se aplicaria a este caso porque a
área não é de risco.
A subprefeitura informou
que ofereceu caminhões e albergues aos desalojados. A
Emae diz que deu um mês de
hotel e passagens de ônibus para quem quis voltar à cidade de
origem.
(CINTHIA RODRIGUES, KLEBER TOMAZ E ROGÉRIO PAGNAN)
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