Segundo presidente da seção paulista, prova que vazou estava diagramada e só a fundação tem acesso a este modelo

De acordo com Luiz Flávio Borges D'Urso, só a Vunesp tem acesso ao exame nesse modelo; para PF, há uma quadrilha fraudando provas

FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL

Após dois dias sem apontar responsáveis pela fraude no exame de ordem, o presidente da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil em São Paulo), Luiz Flávio Borges D'Urso, afirmou ontem que o "foco de investigação é a Fundação Vunesp" -responsável pela impressão, distribuição e aplicação das provas.
A mudança de posição ocorreu, segundo D'Urso, pelo surgimento de um novo elemento: na noite de anteontem, a entidade teve conhecimento de que a prova vazou já diagramada (no formato de aplicação).
Segundo ele, só a Vunesp (Fundação para o Vestibular da Universidade Estadual Paulista) tem acesso ao exame já nesse modelo. A OAB diz que apenas escolhe as questões e as envia para a fundação.
D'Urso disse que o promotor que denunciou o vazamento entregou anteontem ao Ministério Público duas folhas que reproduziam 11 questões já no formato de aplicação. No sábado, ele havia transcrito e enviado, por e-mail, 7 das 11 perguntas. A OAB chegou a reconhecer duas como parte do exame.
O promotor Ernani de Menezes Vilhena Jr., de São Sebastião da Grama (160 km de SP), confirmou ontem à Folha ter recebido no sábado os papéis com as questões e, imediatamente, contatado o procurador-geral do Estado, Rodrigo Pinho, que informou D'Urso.
Vilhena Jr. disse que não poderia revelar o nome de quem lhe entregou o material para não atrapalhar a investigação.
O Ministério Público enviou as folhas à OAB, que as repassou à Polícia Federal.
"Está claro que o vazamento ocorreu depois do ponto que cabe à OAB", disse D'Urso.
Apesar de não ser taxativo em responsabilizar a Vunesp, o advogado disse que há indícios de que a prova tenha vazado na fundação e afirmou que "dificilmente" o novo exame será aplicado pela Vunesp.
A OAB informou apenas que o exame, que ocorreria no domingo passado e tinha 25 mil inscritos, será feito em 2008.
O superintendente da PF em São Paulo, Jaber Saad, foi mais comedido sobre a responsabilidade da Vunesp. "Nenhuma hipótese pode ser descartada." Afirmou, porém, que, com base em apurações anteriores, a OAB não acessa a prova diagramada. Saad disse que uma quadrilha deve atuar em fraude e venda de concursos e exames e lembrou que houve problemas também em seleções da Câmara Municipal de São Paulo e na Polícia Rodoviária Federal.