São Paulo, domingo, 12 de dezembro de 2010

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"Água sobe mais de 1 m", diz moradora

Quem tem mais de 50 anos ainda se lembra do Água Preta aberto; córrego continuou enchendo após canalização

Paulistano vai morar sobre córregos sem ser alertado e só percebe que está sobre um curso d'água na hora da chuva

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quando a aposentada Elizabeth Colodro, 54, era criança, o córrego Água Preta passava bem ao lado da casa onde mora, que ficava em um barranco. Hoje, o que resta do córrego canalizado é o barulho insistente que sai da boca de lobo na rua e no que hoje se tornou um quintal.
"Deu muito problema de enchente mesmo depois que canalizou, porque aqui é o caminho natural da água. Hoje entra bastante água no quintal, mas não mais dentro de casa", afirma Elizabeth.
O marceneiro Pedro Sala Filho, 82, também se lembra de quando o córrego corria bem ao lado de sua casa, na esquina da rua Paulo Vieira com a Salto Grande. "Numa ocasião caiu um cavalo lá dentro e foi um problema pra tirar", rememora. "Já tomei água da nascente, mas nunca mais me lembrei disso."
Ele conta que os moradores gostaram quando o curso d'água foi canalizado, porque era "perigoso". "Para passar de um lado para o outro da rua, tinha aquelas pinguelas. A gente tinha medo de criança pequena cair lá."
Sua casa está a menos de 50 metros da nascente do Água Preta. Muito mais longe dali, a 3,5 km, as enchentes ainda invadem as casas e lojas em dia de temporal.
Atrás das várias casas da Venâncio Aires, um beco fechado com portão ocupa o lugar onde havia a água.
"Canalizaram o rio, mas a enchente continua, chega a 1,5 m", diz a autônoma Angela Moreira, 45, que mora na rua Venâncio Aires.
Ela se mudou para lá há 17 anos e nem imaginava que um córrego passasse bem no que hoje é seu quintal. "Até que teve a primeira enchente, que estragou meus móveis novinhos. Fomos adaptando a casa ao rio."
Todas as casas daquela rua têm comportas, degrau nas portas, ou outras estratégias para conter as águas. As lojas de todo um quarteirão da avenida Pompeia foram postas à venda.
"Em fevereiro deu uma chuva aqui que foi horrível, as lojas perderam tudo. Tinha mais de 60 carros empilhados um sobre o outro", descreve a comerciante Maria do Carmo Fachini, 47, vizinha de Angela que, quando se mudou para ali, há sete anos, também não suspeitava que um córrego passava nas costas de sua casa.
O córrego segue por baixo do Sesc Pompeia, podendo ser visto, mesmo em tempos de estiagem, numa boca-de-lobo na rua Barão do Bananal. Some por baixo de uma grande galeria, que lota de água até o teto e deságua, qual cachoeira, na avenida Pompeia, segundo relato dos moradores.
(CMC)


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