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RELIGIÃO
Babalorixás pedem direito de resposta em programa da Rede Record
Pais-de-santo denunciam discriminação
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Conhecida em todo o Brasil pela
sua diversidade religiosa, a população de Salvador tem acompanhado, nos últimos dias, uma verdadeira "guerra santa" entre pais-de-santo e pastores evangélicos,
principalmente os ligados à Igreja
Universal do Reino de Deus.
Desde o início da semana passada, oito babalorixás (pais-de-santo) ingressaram na Justiça com
ações contra a igreja, exigindo direito de resposta no programa
"Ponto de Luz", exibido pelas
emissoras Itapoan (retransmissora da Record) e Cabrália (afiliada
da mesma rede em Itabuna).
O programa, que vai ao ar de segunda a sexta-feira, utiliza símbolos e elementos do candomblé
-quiabo cortado, vasilhames,
água, farinha e óleo- para criticar a religião afrodescendente.
Apresentador do programa, o
bispo Sérgio Corrêa também costuma entrevistar pessoas que, antes da conversão à Universal, afirmam ter participado de rituais de
magia negra, feitiçaria e bruxaria
em terreiros de candomblé.
O promotor da Justiça e Cidadania Lidivaldo Brito encaminhou
no último final de semana um ofício à Rede Record, em Salvador,
solicitando todas as fitas do programa desde o início do ano.
"Com a análise das fitas, vamos
saber se os evangélicos estão realmente discriminando o candomblé", disse o promotor.
A Universal diz que só comentará sobre a ação dos pais-de-santo quando notificada pela Justiça.
Além do direito de resposta, os
pais-de-santo também pedem
uma punição aos responsáveis
pelo programa. "A Constituição,
em seu artigo 72, assegura a todos
os brasileiros e residentes no país
o livre exercício de qualquer culto
religioso", afirmou o babalorixá
Paulo Roberto Pinheiro, do terreiro Axé Ieié Yápondá Omim Onilê.
"O evangélicos querem segregar
adeptos do candomblé. Não vamos aceitar. Mais do que isso, reagiremos à altura", disse o diretor
do Ceao (Centro de Estudos Afro-Orientais), Ubiratan Castro.
Segundo a Federação Brasileira
do Culto Afro, há cerca de 7.000
terreiros de candomblé na Bahia.
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