São Paulo, sábado, 13 de janeiro de 2007

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Obra do metrô desaba e abre cratera em SP

Testemunhas dizem que um microônibus, com quatro pessoas, foi tragado pelo buraco em Pinheiros; três ruas estão interditadas

Autoridades não souberam apontar quais foram as causas do acidente; um prédio e cerca de 80 casas precisaram ser esvaziados

DA REPORTAGEM LOCAL

Um canteiro de obras do Metrô (linha 4-amarela) desabou por volta das 15h de ontem, abrindo uma cratera que engoliu ao menos cinco caminhões e interditou três ruas no bairro de Pinheiros, na zona oeste -uma delas rachou. Um prédio e cerca de 80 casas tiveram de ser esvaziados.
Pelo menos quatro pessoas estavam desaparecidas até a conclusão desta edição. Elas estavam em um microônibus cujo ponto situava-se ao lado da obra. Há a suspeita de o veículo ter sido tragado pela cratera.
Cinco funcionários da obra sofreram ferimentos leves no desespero de tentar fugir do desabamento. Outras 12 pessoas -moradores- foram atendidas no ambulatório médico improvisado no local com pressão alta e crise nervosa.
Moradores da região relataram à Folha que, no momento do acidente, ouviram um barulho semelhante ao de uma explosão. "Corri para a janela do quarto e vi o guindaste girando, o caminhão rolando, a terra derretendo como manteiga. Peguei minhas coisas e saí correndo", disse Rodney Eduardo.
Segundo o secretário dos Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella, não era possível apontar as causas do acidente, considerado o de maior proporção da história do Metrô em termos de danos materiais.
À noite ainda havia o risco de novos deslizamentos -a prioridade era estabilizar o terreno e evitar a queda de um guindaste de 50 toneladas.

Algo errado
Operários (20 trabalhavam na escavação do metrô a 32 metros de profundidade) dizem que começaram a perceber que havia algo errado por volta das 14h30, quando algumas pedras caíram. O desabamento ocorreu cerca de 20 minutos depois.
O funcionário do estacionamento do condomínio Passarelli, também interditado, conta que houve correria quando o chão começou a rachar, em ondas, e a se esfarelar.
Com o deslizamento, o fosso aberto para a escavação do túnel, de 40 metros de diâmetro, dobrou de tamanho. Metade de uma casa da rua Capri desabou. Havia rachaduras nas ruas a até 15 metros da borda da cratera.
Durante todo o dia, as informações sobre a existência de vítimas sob os escombros eram desencontradas. Logo após o acidente, o secretário Portella afirmou que havia a suspeita de um motorista estar soterrado.
Horas depois, ele disse que o motorista havia sido encontrado e que estava bem.
Posteriormente, irritado, disse que nada sabia sobre o caso e que quem deveria falar era o presidente do Metrô, Luiz Carlos David - que negou a existência do tal motorista.
O desabamento obrigou a prefeitura a fechar as duas pistas da marginal Pinheiros por duas vezes (no sentido Castello Branco). À noite, a pista local foi interditada novamente. Havia risco de o guindaste desabar. Funcionários tentavam desmontá-lo.

Novos deslizamentos
Segundo o prefeito Gilberto Kassab (PFL), também havia risco de ocorrerem novos deslizamentos, principalmente devido ao terreno do local, uma várzea, e em decorrência da provável ocorrência de chuvas neste final de semana.
""Existe a possibilidade de o deslizamento continuar. Isolamos o local, e equipes farão um monitoramento constante, até para tranqüilizar os moradores", disse. Engenheiros percorreram as casas e ruas próximas, para verificar se as rachaduras continuavam a crescer.
O consórcio de empresas que realiza a obra ofereceu hotel para as famílias atingidas passarem a noite. Por volta das 19h30, parte dos moradores já havia começado a retirar seus pertences pessoais.
A perícia só entraria no buraco depois de os bombeiros liberarem o local. Concreto seria despejado nas bordas para conter o avanço da cratera. Dez lonas de 500 metros cada serão usadas para cobrir o buraco se chover.
(JOSÉ ERNESTO CREDENDIO, EVANDRO SPINELLI, ROGÉRIO PAGNAN, FABIANE LEITE, MARIANA TAMARI, ANDRÉ CARAMANTE e AFRA BALAZINA)


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