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Obra do metrô desaba e abre cratera em SP
Testemunhas dizem que um microônibus, com quatro pessoas, foi tragado pelo buraco em Pinheiros; três ruas estão interditadas
Autoridades não souberam apontar quais foram as causas do acidente; um prédio e cerca de 80 casas precisaram ser esvaziados
DA REPORTAGEM LOCAL
Um canteiro de obras do Metrô (linha 4-amarela) desabou
por volta das 15h de ontem,
abrindo uma cratera que engoliu ao menos cinco caminhões e
interditou três ruas no bairro
de Pinheiros, na zona oeste
-uma delas rachou. Um prédio
e cerca de 80 casas tiveram de
ser esvaziados.
Pelo menos quatro pessoas
estavam desaparecidas até a
conclusão desta edição. Elas estavam em um microônibus cujo ponto situava-se ao lado da
obra. Há a suspeita de o veículo
ter sido tragado pela cratera.
Cinco funcionários da obra
sofreram ferimentos leves no
desespero de tentar fugir do desabamento. Outras 12 pessoas
-moradores- foram atendidas no ambulatório médico improvisado no local com pressão
alta e crise nervosa.
Moradores da região relataram à Folha que, no momento
do acidente, ouviram um barulho semelhante ao de uma explosão. "Corri para a janela do
quarto e vi o guindaste girando,
o caminhão rolando, a terra
derretendo como manteiga.
Peguei minhas coisas e saí correndo", disse Rodney Eduardo.
Segundo o secretário dos
Transportes Metropolitanos,
José Luiz Portella, não era possível apontar as causas do acidente, considerado o de maior
proporção da história do Metrô
em termos de danos materiais.
À noite ainda havia o risco de
novos deslizamentos -a prioridade era estabilizar o terreno
e evitar a queda de um guindaste de 50 toneladas.
Algo errado
Operários (20 trabalhavam
na escavação do metrô a 32 metros de profundidade) dizem
que começaram a perceber que
havia algo errado por volta das
14h30, quando algumas pedras
caíram. O desabamento ocorreu cerca de 20 minutos depois.
O funcionário do estacionamento do condomínio Passarelli, também interditado, conta
que houve correria quando o
chão começou a rachar, em ondas, e a se esfarelar.
Com o deslizamento, o fosso
aberto para a escavação do túnel, de 40 metros de diâmetro,
dobrou de tamanho. Metade de
uma casa da rua Capri desabou.
Havia rachaduras nas ruas a até
15 metros da borda da cratera.
Durante todo o dia, as informações sobre a existência de vítimas sob os escombros eram
desencontradas. Logo após o
acidente, o secretário Portella
afirmou que havia a suspeita de
um motorista estar soterrado.
Horas depois, ele disse que o
motorista havia sido encontrado e que estava bem.
Posteriormente, irritado,
disse que nada sabia sobre o caso e que quem deveria falar era
o presidente do Metrô, Luiz
Carlos David - que negou a
existência do tal motorista.
O desabamento obrigou a
prefeitura a fechar as duas pistas da marginal Pinheiros por
duas vezes (no sentido Castello
Branco). À noite, a pista local
foi interditada novamente. Havia risco de o guindaste desabar. Funcionários tentavam
desmontá-lo.
Novos deslizamentos
Segundo o prefeito Gilberto
Kassab (PFL), também havia
risco de ocorrerem novos deslizamentos, principalmente devido ao terreno do local, uma
várzea, e em decorrência da
provável ocorrência de chuvas
neste final de semana.
""Existe a possibilidade de o
deslizamento continuar. Isolamos o local, e equipes farão um
monitoramento constante, até
para tranqüilizar os moradores", disse. Engenheiros percorreram as casas e ruas próximas, para verificar se as rachaduras continuavam a crescer.
O consórcio de empresas que
realiza a obra ofereceu hotel
para as famílias atingidas passarem a noite. Por volta das
19h30, parte dos moradores já
havia começado a retirar seus
pertences pessoais.
A perícia só entraria no buraco depois de os bombeiros liberarem o local. Concreto seria
despejado nas bordas para conter o avanço da cratera. Dez lonas de 500 metros cada serão
usadas para cobrir o buraco se
chover.
(JOSÉ ERNESTO CREDENDIO, EVANDRO SPINELLI, ROGÉRIO PAGNAN, FABIANE
LEITE, MARIANA TAMARI, ANDRÉ CARAMANTE e AFRA BALAZINA)
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