|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Jornalista diz sentir culpa e irritação
da Reportagem Local
A jornalista e apresentadora de
televisão Marília Gabriela assume. Ela diz que ainda não aprendeu a lidar com o problema dos
pedintes na cidade de São Paulo,
que ao mesmo tempo lhe provocam duas sensações opostas: culpa e irritação.
"Eu fico dividida e me sinto
muito mal. Sei que é um problema social com o qual tenho de
conviver, mas às vezes tenho vontade que eles sumam da minha
frente", disse.
"Outras vezes tenho a sensação
de culpa total e vem a necessidade
de ajudar de alguma forma, já que
sou uma profissional bem-sucedida e devo dar alguma contribuição para melhorar a situação do
país", afirmou.
Marília Gabriela contou que já
passou por várias fases. Primeiro,
enchia o carro com doces ou sanduíches para distribuir aos menores durante o caminho. Era uma
tentativa de não contribuir com a
exploração dos menores por
adultos nem com a indústria da
esmola.
Como não sabia distinguir o
que era uma indústria ou não,
voltou a dar moedas ou dinheiro.
Mas admite que agora as esmolas
são dadas ou não de acordo com o
seu "estado de espírito".
"Outro dia acabei dando, por
exemplo, porque ficaram insistindo muito", afirmou.
Ilha de segurança
O analista de sistemas Renato
Salgado afirmou que não se irrita
mais com a abordagem ostensiva
de pedintes pela cidade.
"Acabei me acostumando e
criando uma casca protetora.
Quando tenho um trocado e a
pessoa é simpática, acabo dando", disse o analista.
Salgado disse que suas esmolas
dificilmente ultrapassam o valor
de R$ 1.
"Quando não quero ser incomodado, acabo procurando uma
ilha de segurança, como um cinema em um shopping center."
O analista acredita que os pedintes trocaram os semáforos pela noite porque a concorrência é
menor. "Hoje em dia não há lugar
em São Paulo sem pedintes. Só
quando chove é que eles somem."
(GN)
Texto Anterior: Maioria tem casa e rejeita ajuda oficial Próximo Texto: Gregori defende toque de recolher Índice
|