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VIOLÊNCIA
Ações teriam rendido US$ 1,1 mi; Ciechanovicz disse que aprendeu na cadeia técnicas terroristas com sequestradores de Abílio Diniz
Líder de quadrilha confessa oito sequestros
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Um dia depois de afirmar à imprensa que nunca fizera um sequestro, Pedro Ciechanovicz, 48,
mudou de versão e confessou ontem, segundo a polícia, participação em oito ações com reféns
-que teriam rendido cerca de
US$ 1,1 milhão- e afirmou ter
aprendido, na cadeia, técnicas terroristas com sequestradores do
empresário Abílio Diniz.
Ciechanovicz mudou de versão
logo pela manhã. Antes de depor
no Denarc (Departamento de Investigações sobre Narcóticos), ele
disse que tinha participado de
"quatro ou cinco sequestros". Entre eles, o do fazendeiro João Bertin, 82, libertado na segunda-feira,
depois de Ciechanovicz ter sido
preso em Curitiba.
No final do dia de ontem, porém, ele foi indiciado por oito sequestros. Além do caso de Bertin,
ele teria confessado envolvimento
nos sequestros dos empresários
Girz Aronson (1998), Abrahão
Zarzur (2000) e Roberto Benito Jr.
(2001) e de Eduardo Tonin, filho
do ex-deputado estadual José
Carlos Tonin (2001). Também teria admitido participação no sequestro de mãe e filha de Presidente Prudente (2000), da filha do
dono de uma concessionária em
Santo André (1999) e do estudante José Luiz Lanaro, filho do ex-deputado José Carlos Lanaro.
O estudante foi morto ao reagir
quando era transferido de carro.
Ciechanovicz admitiu envolvimento na fuga dos comparsas,
mas responsabilizou Altair Rocha
de Lima, seu braço direito, que está foragido, pela morte.
Ciechanovicz disse que uma
chácara em São Roque era usada
como cativeiro na maioria dos sequestros. Mas ele não informou
onde Bertin ficou mantido durante os 155 dias do sequestro.
O fazendeiro foi estudado durante 15 dias antes do sequestro.
Bertin foi notado pelos sequestradores depois que recebeu uma
homenagem como patrono em
um escola de Sabino (483 km de
SP). Membros da quadrilha até
assistiram à cerimônia. A preparação do sequestro teria custado
cerca de US$ 30 mil.
Segundo a polícia, Ciechanovicz
contou ter aprendido com os sequestradores de Diniz como dividir a quadrilha em células, para
evitar que o líder seja preso. Esse
esquema passou a ser usado na
organização dos sequestros.
Ele citou os nomes do canadense David Spencer, do argentino
Humberto Paz e do brasileiro Raimundo Costa Freire. Todos ficaram presos na Penitenciária do
Estado. As conversas, segundo
Ciechanovicz, aconteciam nos
corredores da prisão.
A polícia pretende pedir o bloqueio dos bens do preso. Até agora, foi identificado um patrimônio em torno de US$ 210 mil
-três casas e um carro.
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