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São Paulo, quinta-feira, 13 de fevereiro de 2003

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VIOLÊNCIA

Ações teriam rendido US$ 1,1 mi; Ciechanovicz disse que aprendeu na cadeia técnicas terroristas com sequestradores de Abílio Diniz

Líder de quadrilha confessa oito sequestros

GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Um dia depois de afirmar à imprensa que nunca fizera um sequestro, Pedro Ciechanovicz, 48, mudou de versão e confessou ontem, segundo a polícia, participação em oito ações com reféns -que teriam rendido cerca de US$ 1,1 milhão- e afirmou ter aprendido, na cadeia, técnicas terroristas com sequestradores do empresário Abílio Diniz.
Ciechanovicz mudou de versão logo pela manhã. Antes de depor no Denarc (Departamento de Investigações sobre Narcóticos), ele disse que tinha participado de "quatro ou cinco sequestros". Entre eles, o do fazendeiro João Bertin, 82, libertado na segunda-feira, depois de Ciechanovicz ter sido preso em Curitiba.
No final do dia de ontem, porém, ele foi indiciado por oito sequestros. Além do caso de Bertin, ele teria confessado envolvimento nos sequestros dos empresários Girz Aronson (1998), Abrahão Zarzur (2000) e Roberto Benito Jr. (2001) e de Eduardo Tonin, filho do ex-deputado estadual José Carlos Tonin (2001). Também teria admitido participação no sequestro de mãe e filha de Presidente Prudente (2000), da filha do dono de uma concessionária em Santo André (1999) e do estudante José Luiz Lanaro, filho do ex-deputado José Carlos Lanaro.
O estudante foi morto ao reagir quando era transferido de carro. Ciechanovicz admitiu envolvimento na fuga dos comparsas, mas responsabilizou Altair Rocha de Lima, seu braço direito, que está foragido, pela morte.
Ciechanovicz disse que uma chácara em São Roque era usada como cativeiro na maioria dos sequestros. Mas ele não informou onde Bertin ficou mantido durante os 155 dias do sequestro.
O fazendeiro foi estudado durante 15 dias antes do sequestro. Bertin foi notado pelos sequestradores depois que recebeu uma homenagem como patrono em um escola de Sabino (483 km de SP). Membros da quadrilha até assistiram à cerimônia. A preparação do sequestro teria custado cerca de US$ 30 mil.
Segundo a polícia, Ciechanovicz contou ter aprendido com os sequestradores de Diniz como dividir a quadrilha em células, para evitar que o líder seja preso. Esse esquema passou a ser usado na organização dos sequestros.
Ele citou os nomes do canadense David Spencer, do argentino Humberto Paz e do brasileiro Raimundo Costa Freire. Todos ficaram presos na Penitenciária do Estado. As conversas, segundo Ciechanovicz, aconteciam nos corredores da prisão.
A polícia pretende pedir o bloqueio dos bens do preso. Até agora, foi identificado um patrimônio em torno de US$ 210 mil -três casas e um carro.


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