São Paulo, quarta-feira, 13 de março de 2002

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Prática leva 60% da verba da Unifesp

FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

Sem repor funcionários demitidos e aposentados há mais de sete anos, o Hospital São Paulo, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), gasta hoje cerca de 60% da verba do SUS com o pagamento de pessoal terceirizado, contratado por uma fundação. São R$ 4,8 milhões dos R$ 8 milhões repassados por mês pelo sistema, segundo essa estimativa.
É dinheiro que deveria ser utilizado para o custeio do hospital -como compra de remédios, suprimentos, manutenção- e para investimentos, mas que hoje paga salários de 3.000 dos 4.800 funcionários do complexo hospitalar.
"Ano por ano se discute essa situação com os ministérios e a solução não vem. Sem contar o fato que pagar com o dinheiro do SUS é até ilegal. Mas o hospital precisa manter os serviços funcionando. Se fecho, quem sofre é a população", afirma o diretor-superintendente do hospital, José Roberto Ferraro, ex-presidente e hoje membro da diretoria da Abrahue (Associação Brasileira dos Hospitais Universitários).
Ferraro diz acreditar que o complexo é que tem o maior quadro de terceirizados pagos com dinheiro do SUS.
Em 1999 todos os hospitais universitários federais assinaram um convênio com o MEC e o com Ministério da Saúde para minimizar o problema, afirma o diretor. Passaram a receber R$ 60 milhões por ano para as contratações. Não é suficiente, diz. Ele estima que sejam necessários R$ 180 milhões.
A realização de um concurso pelo MEC não seria a solução mais rápida e eficaz para resolver o problema. "Se o MEC disser amanhã que vai abrir um concurso para 3.000 vagas, leva um tempão. E não vou conseguir que todos os atuais funcionários migrem para o serviço público e passem no concurso."
O salário que o MEC paga é menor do que o da fundação. Um médico em início de carreira recebe R$ 900 pelo MEC. Os contratados pela fundação, o dobro. Segundo Ferraro, o hospital, assim com outras unidades hospitalares que prestam serviço para o SUS, sofre ainda com a insuficiência dos tetos pagos pelo ministério.
A dívida acumulada com fornecedores e impostos ultrapassa os R$ 20 milhões e ameaça a manutenção de serviços. O diretor tinha ontem reunião com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), para solicitar uma ajuda de R$ 4 milhões mensais dos cofres estaduais para o hospital.



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