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Prática leva 60% da verba da Unifesp
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
Sem repor funcionários demitidos e aposentados há mais de sete
anos, o Hospital São Paulo, da
Unifesp (Universidade Federal de
São Paulo), gasta hoje cerca de
60% da verba do SUS com o pagamento de pessoal terceirizado,
contratado por uma fundação.
São R$ 4,8 milhões dos R$ 8 milhões repassados por mês pelo sistema, segundo essa estimativa.
É dinheiro que deveria ser utilizado para o custeio do hospital
-como compra de remédios, suprimentos, manutenção- e para
investimentos, mas que hoje paga
salários de 3.000 dos 4.800 funcionários do complexo hospitalar.
"Ano por ano se discute essa situação com os ministérios e a solução não vem. Sem contar o fato
que pagar com o dinheiro do SUS
é até ilegal. Mas o hospital precisa
manter os serviços funcionando.
Se fecho, quem sofre é a população", afirma o diretor-superintendente do hospital, José Roberto Ferraro, ex-presidente e hoje
membro da diretoria da Abrahue
(Associação Brasileira dos Hospitais Universitários).
Ferraro diz acreditar que o complexo é que tem o maior quadro
de terceirizados pagos com dinheiro do SUS.
Em 1999 todos os hospitais universitários federais assinaram um
convênio com o MEC e o com Ministério da Saúde para minimizar
o problema, afirma o diretor. Passaram a receber R$ 60 milhões
por ano para as contratações. Não
é suficiente, diz. Ele estima que sejam necessários R$ 180 milhões.
A realização de um concurso
pelo MEC não seria a solução
mais rápida e eficaz para resolver
o problema. "Se o MEC disser
amanhã que vai abrir um concurso para 3.000 vagas, leva um tempão. E não vou conseguir que todos os atuais funcionários migrem para o serviço público e passem no concurso."
O salário que o MEC paga é menor do que o da fundação. Um
médico em início de carreira recebe R$ 900 pelo MEC. Os contratados pela fundação, o dobro. Segundo Ferraro, o hospital, assim
com outras unidades hospitalares
que prestam serviço para o SUS,
sofre ainda com a insuficiência
dos tetos pagos pelo ministério.
A dívida acumulada com fornecedores e impostos ultrapassa os
R$ 20 milhões e ameaça a manutenção de serviços. O diretor tinha
ontem reunião com o governador
de São Paulo, Geraldo Alckmin
(PSDB), para solicitar uma ajuda
de R$ 4 milhões mensais dos cofres estaduais para o hospital.
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