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CRIME ORGANIZADO
Integrante do PCC que escapou do Cadeião de Pinheiros levanta suspeitas de "internacionalização" da facção
Em 7 meses, preso foi resgatado 2 vezes
ALESSANDRO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
Em apenas sete meses, Manoel
Alves da Silva, 27, integrante do
PCC (Primeiro Comando da Capital), conseguiu ser resgatado
duas vezes de prisões de São Paulo, em ações parecidas e que surpreenderam a polícia.
No último sábado, Sasquati, como ele é conhecido, escapou do
Cadeião de Pinheiros com três detentos, entre eles seu parceiro de
quadrilha, Adilson Francisco da
Rocha, 25, com quem havia sido
preso em flagrante pela polícia 38
dias antes na região do Parque
Bristol (zona sul de São Paulo).
Sasquati e Rocha eram tidos como peças importantes nas investigações do PCC. Segundo a Folha
apurou, eles poderiam comprovar que a facção passa por processo de ""internaciolização", em
busca de droga na Colômbia e de
armas em países vizinhos.
Mas eles se recusaram a falar à
polícia e não houve tempo para
que uma investigação fosse organizada. Dez homens armados,
vestidos com coletes da Polícia Civil, invadiram o cadeião, no sábado, depois de terem rendido dois
carcereiros que haviam saído do
plantão para lanchar. Houve tiroteio, três detentos feridos a balas e
uma rebelião de nove horas.
Em 28 de julho de 2001, o mesmo Silva fugiu durante o dia da
Penitenciária de Segurança Máxima de Hortolândia, na região de
Campinas, com outros três presos, incluindo Marcelo Araújo
Barreto, o Bandoleiro, líder do
PCC na unidade na megarrebelião da facção do mesmo ano.
Por volta das 14h30, dez homens
com fuzis atiraram contra policiais militares nas muralhas, chamando a atenção da segurança
para um lado, enquanto Silva e
três detentos pularam o muro em
outro. Mais de 200 tiros foram
disparados contra cinco PMs.
Sasquati e Rocha foram presos
pela última vez em 30 de janeiro,
numa favela de São Paulo, perto
de Diadema (Grande SP) com
mais quatro pessoas que estariam
planejando sequestros e resgates.
No barraco transformado em
base operacional, policiais militares apreenderam 64 mil pesos colombianos (R$ 65), 50 pesos uruguaios, mais R$ 3.000 em dinheiro, 190 gramas de cocaína, seis
placas de veículos e lacres do Detran (Departamento Estadual de
Trânsito) de São Paulo.
Segundo o delegado Ítalo Miranda Júnior, do 83º DP (Parque
Bristol), as placas e os lacres seriam usados para criar carros
""dublês" -roubados, mas com
placas de carros ""quentes".
""As placas eram todas para veículos grandes, como Blazer e F-1000. Talvez para dar suporte a
um resgate ou sequestro", disse.
Horas após ser preso, a polícia
recebeu a primeira ameaça de resgate, quando Sasquati era ouvido
no 83º DP. Uma operação foi
montada às pressas e seis pessoas
acabaram detidas perto dali.
A partir disso, todos os seis detidos foram espalhados em delegacias da zona sul. Isso até os dois,
Sasquati e Rocha, terem se encontrado no Cadeião de Pinheiros.
Começa aí uma série de desentendimentos que ajudaram na fuga. Por exemplo, a direção do cadeião desconhecia o passado de
Sasquati quando ele chegou, por
isso nem o incluiu no rol de ""resgatáveis", após receber uma denúncia anônima de que haveria
resgate no final de semana.
""O preso não chega aqui e está
tudo no prontuário. Você vai descobrindo a história dele com o
tempo", afirmou um policial que
não quer ser identificado.
Outra falha foi o comportamento dos carcereiros, que ignoraram
o regulamente interno do cadeião
e deixaram o plantão para comer
do lado de fora. ""A norma é ficar
dentro. Sair é imprudência", disse
o delegado Hélio Sérgio da Silva,
58, diretor-interino do cadeião.
A Corregedoria da Polícia Civil
e o 91º DP investigam a fuga. Até
ontem, ninguém no presídio havia sido afastado do cargo.
""Aparentemente, não houve facilitação de fuga", afirmou o delegado Gerson Carvalho, 59, diretor
do Decap (Departamento de Polícia Judiciária da Capital).
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