São Paulo, sábado, 13 de março de 2010

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JOSÉ BIGNOTTO (1911-2010)

Um pioneiro industrial e a bengala companheira

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Nos últimos anos da quase centenária vida de José Bignotto, sua bengala onipresente se tornou uma marca registrada daquele que foi um dos pioneiros da indústria têxtil no interior de São Paulo.
Com ela, Zé tinha o hábito de cutucar levemente as pessoas que passavam por perto, como forma de brincadeira. E a usava para apontar a foto da viúva, dizendo que a mulher se esquecera de ir buscá-lo.
Por longos anos, ele comandou a Têxtil Bignotto, fábrica produtora de cetim e alpaca cuja origem remonta a 1940, ano em que seu pai fundou uma tecelagem em Santa Bárbara D'Oeste, a 135 km de SP.
Os tecidos serviam de forro para chapéus e casacos e como matéria-prima de bandeiras e fantasias de Carnaval. Mesmo com a idade avançada e com os negócios sendo tocados pelos filhos, ele ainda ia diariamente assinar papéis na empresa -que foi fechada há cerca de quatro anos.
Conhecido na cidade, no ano passado foi homenageado como o ex-jogador mais antigo ainda vivo do União Barbarense, time da segundona do Campeonato Paulista. Na época em que atuou como lateral esquerdo, a situação era tão precária que os atletas se revezavam no uso das chuteiras disponíveis.
Adorava reunir a família, pescar e tomar uma pinguinha nos fins de semana. No sábado, após passar mal no almoço, morreu aos 99, de falência de órgãos. Como amava doce, foi enterrado com uma bala no bolso, colocada pelos netos. Teve sete filhos, 21 netos e 22 bisnetos.

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