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JOSÉ BIGNOTTO (1911-2010)
Um pioneiro industrial e a bengala companheira
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Nos últimos anos da quase
centenária vida de José Bignotto, sua bengala onipresente se tornou uma marca registrada daquele que foi um dos
pioneiros da indústria têxtil
no interior de São Paulo.
Com ela, Zé tinha o hábito
de cutucar levemente as pessoas que passavam por perto,
como forma de brincadeira. E
a usava para apontar a foto da
viúva, dizendo que a mulher
se esquecera de ir buscá-lo.
Por longos anos, ele comandou a Têxtil Bignotto, fábrica
produtora de cetim e alpaca
cuja origem remonta a 1940,
ano em que seu pai fundou
uma tecelagem em Santa Bárbara D'Oeste, a 135 km de SP.
Os tecidos serviam de forro
para chapéus e casacos e como matéria-prima de bandeiras e fantasias de Carnaval.
Mesmo com a idade avançada e com os negócios sendo
tocados pelos filhos, ele ainda
ia diariamente assinar papéis
na empresa -que foi fechada
há cerca de quatro anos.
Conhecido na cidade, no
ano passado foi homenageado como o ex-jogador mais
antigo ainda vivo do União
Barbarense, time da segundona do Campeonato Paulista.
Na época em que atuou como lateral esquerdo, a situação era tão precária que os
atletas se revezavam no uso
das chuteiras disponíveis.
Adorava reunir a família,
pescar e tomar uma pinguinha nos fins de semana. No
sábado, após passar mal no almoço, morreu aos 99, de falência de órgãos. Como amava doce, foi enterrado com
uma bala no bolso, colocada
pelos netos. Teve sete filhos,
21 netos e 22 bisnetos.
coluna.obituario@uol.com.br
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