São Paulo, domingo, 13 de março de 2011 |
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Bebês já têm sua "estreia" no mundo em versão 3D Pais chegam a pagar R$ 2.000 por parto gravado com nova tecnologia Em torno de 30 nascimentos foram registrados no formato desde fevereiro em maternidade paulistana DE SÃO PAULO O obstetra Mauro Grynspan sacode três vezes para a câmera o bebê que acaba de vir ao mundo. Ao assistir à cena pela primeira vez na TV, os pais se assustam, jogam o corpo para trás e têm a impressão de que a filha vai cair da tela. Aflita, a mãe tenta segurar a criança no ar. A menina não cai -é pura ilusão de ótica. A sensação é provocada pela gravação em 3D: depois do cinema, dos desfiles das escolas de samba e dos jogos de futebol, a tridimensionalidade chegou agora às salas de parto. "A sensação é a de estar lá de novo, é emocionante. É muito parecido com o que vivemos e totalmente diferente da gravação normal que eu fiz", diz o assistente comercial Robson Cabral, pai da menina Heloísa, a primeira bebê a ter tido o parto gravado em 3D na maternidade Pro Matre, uma das mais tradicionais de São Paulo. "No futuro, quando ela crescer, tudo vai ser 3D", diz a mãe, Cibele Contini Cabral. Desde 1º de fevereiro, quando foi gravado o primeiro, cerca de 30 partos já foram registrados em 3D. A brincadeira custa R$ 2.000, o dobro do preço da gravação normal e o preço de uma TV de LED de 40 polegadas, sem o recurso tridimensional. Curiosamente, a maioria dos casais que pagaram pela gravação no formato tridimensional não tem em casa os equipamentos -blue-ray e TV 3D- para ver o vídeo. "A expulsão do bebê pode ser mostrada ou não. Não mostramos o aspecto cirúrgico. Na hora do parto a mãe está nervosa, confusa, perde a noção de realidade", diz o obstetra Alberto d'Auria. "Foi feito todo um estudo de enquadramento e testes de ângulo. É tudo diferente", afirma o biomédico Carlos Eduardo Lupo, dono da empresa que grava os partos. "Fomos a Orlando e assistimos a tudo em 3D. Ficamos encantados. Quero o registro o mais fiel possível", diz o contador Helton Moretti, que pagou a gravação em 3D do parto da filha Marina. "DESCONCERTANTE" Para a socióloga Lúcia Santaella, diretora do Centro de Investigação em Mídias Digitais da PUC de São Paulo, a tridimensionalidade é mesmo o futuro da imagem. "Agora, o parto em 3D é uma coisa um pouco perturbadora e desconcertante. Tem de haver um mínimo de pudor. Há certas coisas da vida que têm de ser preservadas. Daqui a pouco vão gravar as relações sexuais em 3D", afirma Santaella. A dos próprios casais não se sabe, mas no mercado do erotismo já existe, sim. Alguns até para os telões dos cinemas Imax com o sugestivo nome de Kama Sutra. (VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO) Texto Anterior: Há 90 Anos Próximo Texto: Com criatividade, CEU da zona norte inclui deficientes Índice | Comunicar Erros |
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