São Paulo, Sábado, 13 de Março de 1999
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REDE DE CORRUPÇÃO
Pedidos de cassação poderão ser feitos antes do relatório final; Viscome será o primeiro investigado
CPI define alvos para mostrar resultados

Eduardo Knapp/Folha Imagem
José Eduardo Cardozo (esq.), presidente da CPI, e Milton Leite, escolhido relator ontem, quando houve bate-boca entre vereadores na sessão


JOÃO CARLOS SILVA
da Reportagem Local

A CPI aprovada na Câmara para investigar denúncias de corrupção em órgãos da prefeitura vai poder denunciar envolvidos e até propor a cassação de vereadores antes de a apuração terminar.
Em outras investigações feitas por órgãos do Legislativo, essas medidas só foram tomadas quando saiu o relatório final da apuração, que neste caso pode demorar até 180 dias.
A decisão indica que a investigação vai ser centralizada em denúncias que são mais fáceis de serem confirmadas. A Folha apurou que Vicente Viscome (PPB) deve ser um dos primeiros alvos da investigação, pois é contra ele que a polícia reuniu até agora mais indícios.
É também uma estratégia que permite dar respostas rápidas à opinião pública sobre a apuração.
Ontem, por exemplo, cerca de 200 pessoas acompanharam a sessão de instalação de CPI, que já teve tumulto e bate-boca entre vereadores (leia texto abaixo).
A estratégia da CPI é parecida com os rumos das investigações que estão sendo feitas pela polícia e pelo Ministério Público.
Os casos com mais provas são apurados primeiro e os envolvidos denunciados à Justiça.
A possibilidade de as medidas contra envolvidos na corrupção saírem antes do fim da CPI foi acertada ontem na primeira sessão da comissão, que tem três integrantes da base governista e dois da situação.
Oposição e situação concordam, pelo menos neste ponto, com a estratégia de oferecer denúncia antes de a apuração terminar. "Se a apuração chegou a uma conclusão, é absurdo esperar 90 dias para fazer uma denúncia", disse seu presidente, José Eduardo Cardozo (PT).
Milton Leite (PMDB), eleito relator da comissão, defendeu na sessão de ontem a possibilidade de haver relatórios parciais.
Depois disso, os integrantes da CPI precisam discutir quando e se devem fazer o relatório parcial sobre a denúncia, que precisa ser submetido à aprovação dos outros vereadores.

Pedido
Ontem, também ficou acertado que os integrantes da CPI vão encaminhar à Procuradoria de Justiça pedido para que um procurador ou promotor de Justiça acompanhe a investigação.
Além disso, ficou acertada reunião dos integrantes da CPI com os promotores do Ministério Público e os delegados que investigam o caso.
Os integrantes da CPI querem obter informações e orientação sobre a investigação que vão iniciar.
A reunião não vai ser aberta ao público ou à imprensa.
As sessões da CPI vão acontecer de segunda e sexta-feira, às 14h, e às quintas-feiras, às 9h30. As sessões acontecem na Câmara.


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