São Paulo, quinta-feira, 13 de abril de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Próximo Texto | Índice

CRIME ORGANIZADO
Governador dá prazo de 15 dias para Petrelluzzi concluir investigação de policiais denunciados
CPI pressiona e Covas cobra secretário

Moacyr Lopes Jr./Folha Imagem
Mário Covas e o secretário da Segurança, Marco Vinicio Petrelluzzi, no Palácio dos Bandeirantes


ALESSANDRO SILVA
SÍLVIA CORRÊA
SORAYA AGÉGE
da Reportagem Local

O governador Mário Covas (PSDB) deu prazo de 15 dias para que o secretário da Segurança Pública, Marco Vinicio Petrelluzzi, conclua a investigação dos policiais de Campinas denunciados pela CPI do Narcotráfico.
A apuração da Corregedoria da Polícia Civil dura quase cinco meses e, até ontem, os responsáveis pelo caso não arriscavam prazo para o término.
A data limite foi determinada durante reunião do governador e do secretário com os membros da CPI do Narcotráfico, que anteontem criticaram a demora da polícia paulista em apurar as irregularidades denunciadas.
São 22 policiais investigados por suposto envolvimento com o crime organizado, principalmente o roubo de cargas e o tráfico de drogas na região. Campinas (99 km de São Paulo) ainda teria conexão com outros Estados.
Entre os suspeitos está o delegado Ricardo de Lima, que teria liberado a traficante Sônia Aparecida Rossi, a Maria do Pó, de um flagrante de apreensão de entorpecente. O delegado está asfatado das funções desde que foi denunciado, mas por licença saúde.
"Daqui a 15 dias está pronto o inquérito", disse o governador ao final da reunião.
No encontro, ao ser questionado sobre o prazo, Petrelluzzi disse que poderia terminar o caso em dez dias. Covas deu mais cinco, segundo ele, para ter certeza que o problema seria resolvido.
É a terceira vez em menos de uma semana que o governador intervém na secretaria. Sexta-feira passada, ele mandou afastar quatro funcionários do IML (Instituto Médico Legal) de Registro, investigados pelo sumiço de um corpo, e depois determinou o afastamento de dois policiais do 15 DP (Itaim Bibi), suspeitos de aliviarem a prisão do assaltante Alexandre Pires Ferreira, o mesmo que invadiu o prédio do jornalista Paulo Henrique Amorim, da TV Cultura.
Petrelluzzi, ao final da reunião, saiu da sala sem falar com a imprensa. A assessoria do secretário informou que ele não se manifestaria porque o governador já havia falado sobre o caso.
"Se os acusados de hoje não forem afastados, poderão crescer dentro da polícia e, no futuro, São Paulo terá sua banda podre", disse o deputado federal Robson Tuma (PFL-SP).
Os deputados fizeram mais dois pedidos para o governador, baseados nas investigações que fizeram até agora em São Paulo.
O primeiro, foi a centralização da Corregedoria das polícias, que hoje está subdividida em regiões independentes.
Segundo o deputado Moroni Torgan (PFL-CE), os corregedores ainda enfrentam insegurança no cargo porque podem, a qualquer momento, voltar para o policiamento normal, junto dos investigados. "Isso gera uma inibição natural de qualquer ação."
A outra solicitação, para que seja criada uma comissão estadual de combate ao crime organizado.
A Secretaria da Segurança prepara um projeto para unificar a Corregedoria e o prazo para a mudança, determinado também pelo governador, é de 60 dias. Covas e o secretário ficaram de estudar garantias para os corregedores da polícia paulista.
Sobre a comissão, Petrelluzzi informou que a polícia já possui parcerias contra o crime, como é o caso da recém-lançada operação contra desmanches, que envolve a polícia civil e fiscais de ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços).
Segundo o deputado Moroni Torgan, São Paulo é um dos maiores mercados consumidores de droga "porque tem cobertura institucional".


Próximo Texto: Acusados teriam sido 'pulverizados'
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.