São Paulo, quinta-feira, 13 de abril de 2000


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Traficante revela esquema em SP

da Reportagem Local

O traficante Cláudio da Silva Santos, que estava foragido, revelou à CPI do Narcotráfico como funcionava o esquema de distribuição de cocaína que mantinha com sua mulher, Sônia Aparecida Rossi, a "rainha do pó". Santos não revelou nomes de outras pessoas envolvidas.
Ele também disse que o nome que usava, Bruno Henrique Goes, era falso. Santos afirmou que já usou pelo menos outro nome frio: Gilberto Moreira do Carmo
Santos se negou a colaborar com a CPI e criticou o programa de proteção às testemunhas oferecido pelos deputados. Por isso, não revelou nomes de envolvidos, mas acabou caindo em contradições que ajudaram nas investigações, segundo os deputados.
O traficante afirmou que quando foi flagrado com 340 quilos de cocaína em 25 de janeiro de 99, em Indaiatuba, havia revelado à Polícia Civil de Campinas que era namorado de Sônia Aparecida Rossi. Mesmo assim, a "rainha do pó" foi solta pelo delegado Ricardo de Lima, logo depois do flagrante. No inquérito policial consta que ela era apenas testemunha, segundo o sub-relator da CPI por São Paulo, Pompeo de Mattos (PDT-RS).
Uma contradição do depoimento, segundo o sub-relator, Robson Tuma (PFL-SP), foi o fato de Cláudio ter declarado que só conhecia o delegado de Campinas pela TV. Em seguida, ele confirmou que fora interrogado pelo próprio Lima após o flagrante.
"Agora fica claro que realmente o delegado Ricardo de Lima soltou de forma irregular a maior traficante da sua região", disse o deputado Tuma. O sub-relator mostrou fotos de Sônia em posição de identificação para indiciamento policial, que teriam sido feitas na própria delegacia. Depois ela foi considerada testemunha e liberada.
A Folha não localizou o delegado ontem, mas segundo o seu advogado, Miguel Vulcano, "todas as acusações contra ele são infundadas". Segundo Vulcano, "todos os acusadores serão processados, inclusive os membros da CPI".
De acordo com Santos, a droga vinha da Bolívia e era lançada por aviões em canaviais de cidades próximas a Campinas (a 99 km de São Paulo). Depois era misturada com ácido bórico e entregue em postos de combustíveis e estacionamentos da capital e do Rio.
Santos afirmou que sua quadrilha atuava em uma "rota caipira" própria. Segundo ele, o recebimento da droga e a distribuição eram feitos pelas cidades de Itu, Salto, Capivari e Indaiatuba.
Santos disse na CPI que usava nomes falsos para escapar da polícia. Sua mulher, Sônia, condenada a 36 anos por tráfico, também já usou os nomes Sandra e Maria Regina.


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