São Paulo, terça-feira, 13 de abril de 2004

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Interceptações telefônicas mostram que traficantes rivais não estão mais na favela; casa de Lulu vira base operacional da polícia

Protagonistas da crise já deixaram a Rocinha

MARIO HUGO MONKEN
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Investigações reservadas da Cinpol (Coordenadoria de Inteligência da Polícia Civil) indicam que os dois principais personagens da guerra do tráfico que vem aterrorizando os moradores da Rocinha desde sexta-feira, Eduíno Eustáquio de Araújo Filho, o Dudu, e Luciano Barbosa da Silva, o Lulu, não estão mais na favela.
Por meio de interceptações telefônicas feitas com autorização da Justiça, a Cinpol descobriu que, após ter tentado invadir a Rocinha, Dudu se escondeu no complexo de favelas do Alemão, na zona norte do Rio.
Segundo policiais da unidade, Dudu está se refugiando em várias casas das comunidades da Fazendinha e da Grota, sob a proteção do traficante Marcos Santana dos Santos, o Coringa.
De acordo com a Cinpol, a ordem para proteger Dudu no complexo do Alemão partiu do traficante Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, que está preso em Bangu 1 (zona oeste).
A Cinpol descobriu que, além de contar com a proteção de Coringa, Dudu está sendo escoltado por traficantes de várias favelas dominadas pelo CV (Comando Vermelho), como as da Mandela e Jacarezinho, ambas na zona norte, e de Antares, na zona oeste.
Policiais da Cinpol disseram que, desde fevereiro, já realizaram cinco incursões no complexo do Alemão, mas não conseguiram capturar o criminoso.
Segundo a Cinpol, Lulu já teria deixado a favela da Rocinha antes mesmo da tentativa de invasão ocorrida na sexta-feira. Os investigadores disseram que ele estaria se refugiando na casa de parentes, mas ainda não têm idéia do local exato onde possa estar.
De acordo com a Cinpol, Lulu passou o comando do morro para os traficantes Erismar Rodrigues Moreira, o Bem-te-vi, e Adriano da Costa Brito, o Zarur.
A PM ocupou ontem a casa de Lulu, no Laboriaux, parte mais alta da Rocinha. Segundo a PM, a casa será a base operacional dos policiais que estão na Rocinha.
A casa tem três andares e, para os padrões da favela, pode ser considerada luxuosa.
No primeiro andar, há uma sauna e uma banheira de hidromassagem, além de uma mesa de sinuca. No segundo pavimento, há uma boate e duas suítes. No terceiro, um terraço com vista para a lagoa Rodrigo de Freitas e uma churrasqueira.


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