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Crise é monitorada com atenção em Brasília; o presidente Lula participou ontem de duas reuniões com ministros sobre o assunto
Governo federal libera verba de R$ 9 milhões
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal liberou ontem R$ 9 milhões para o Rio devido aos conflitos entre traficantes
de drogas no morro da Rocinha.
O dinheiro, do Fundo Nacional de
Segurança Pública, é parte dos R$
40 milhões previstos no Orçamento do ano passado para o Estado, dos quais apenas R$ 20 milhões foram repassados.
O Palácio do Planalto monitorou ontem com atenção a crise no
Rio. O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva participou de duas reuniões para tratar do assunto.
Segundo a Folha apurou, o Palácio considerou "preocupante" o
fato de traficantes terem atingido
um helicóptero da PM. A leitura
foi a de que a segurança da cidade
começa a fugir do controle.
Ainda assim, o governo decidiu
só enviar tropas federais caso a
governadora do Rio, Rosinha Mateus, faça um pedido formal.
As reuniões envolveram o presidente Lula, os ministros José Viegas (Defesa), Márcio Thomaz
Bastos (Justiça) e José Dirceu (Casa Civil) e o general Armando Félix (Segurança Institucional).
Em entrevista no final da tarde,
Bastos admitiu o envio das Forças
Armadas para a "manutenção da
ordem pública". Também foi cogitada a decretação de estado de
defesa, em que ficam suspensos
direitos individuais da população.
"Se for o caso, se as circunstâncias concretas indicarem, o governo federal lançará mão das Forças
Armadas", disse Bastos. Até o
momento, porém, "nada está descartado nem nada está decidido".
Segundo o ministro, os serviços
de inteligência da Polícia Federal
detectaram a crise na Rocinha há
cerca de 30 dias e passaram as informações ao governo estadual.
Na ocasião, as informações ainda
eram desencontradas. Sabia-se
apenas, segundo Bastos, que haveria uma guerra entre quadrilhas. "Foi detectado um plano que
estava pouco maturado ainda."
De acordo com o ministro, a
apuração do serviço de inteligência da PF demonstrava ontem que
"a situação começa a ficar sob
controle" da polícia do Rio.
Ontem, Bastos comparou a situação do Rio a uma "guerrilha
urbana". "Tudo isso que se passa,
toda essa violência, toda essa
guerrilha urbana efetivamente se
faz porque há esperança de lavar e
reciclar esse dinheiro."
Bastos também negou falhas da
PF no combate ao tráfico internacional de drogas e armas. "A Polícia Federal cumpriu a sua missão
no limite de suas forças", afirmou,
referindo-se aos problemas orçamentários do órgão.
Indagado se o episódio poderia
ser utilizado politicamente na
campanha eleitoral deste ano, o
ministro foi irônico. "Espero que
não seja explorado politicamente,
embora seja talvez esperar demais. O fato é que o governo federal não pretende fazer nenhum
uso político disso", afirmou.
Em nota oficial, divulgada na
tarde de ontem, a Secretaria de Segurança Pública do Rio afirma
que Estado e União estão "trabalhando em plena harmonia".
O secretário nacional de Segurança Pública, Luiz Fernando
Corrêa, viajou ao Rio e participa
hoje de uma reunião do Gabinete
de Gestão Integrada.
Na nota, a Secretaria de Segurança do Rio afirma que Estado e
União, "por meio dos seus serviços de inteligência, vêm monitorando há 30 dias as disputas entre
facções rivais que buscam o controle dos pontos-de-venda de
drogas na Rocinha".
Colaborou a SUCURSAL DO RIO
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