São Paulo, terça-feira, 13 de abril de 2004

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EDUCAÇÃO

Segundo ministro, isenção já consta da Constituição

Tarso diz que estatização de vagas terá custo zero nas filantrópicas

LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com o argumento de que o Universidade para Todos terá custo zero no caso de instituições filantrópicas, o ministro da Educação, Tarso Genro, disse ontem que o programa "custará", no máximo, R$ 200 milhões.
Esse seria o valor a ser concedido em isenção de tributos para instituições privadas de ensino superior com fins lucrativos, caso todas aderissem ao programa. O Universidade para Todos prevê a "estatização" de vagas em particulares para destiná-las a alunos carentes, incluindo negros.
Tarso usa o custo do Fies (financiamento do ensino superior), que neste ano pode atingir até R$ 1 bilhão, para dizer que o programa será mais barato.
Para o ministro, não é possível incluir a isenção já concedida às filantrópicas, prevista na Constituição, na conta. Reportagem publicada ontem pela Folha apontou que, atualmente, as filantrópicas são beneficiadas com R$ 839,7 milhões de isenção fiscal ao ano.
O programa teve sua criação adiada para a próxima quinta-feira, por meio de medida provisória a ser assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto.

 

Folha - Por que não é possível incluir a isenção das filantrópicas no custo do Universidade para Todos?
Tarso Genro
- O Universidade para Todos não tem relação com a isenção de pagamento de impostos para as filantrópicas, que data da Constituição de 1988. Essa isenção já existe sem o oferecimento das vagas. O que o Universidade para Todos faz é tomar como obrigação que 20% do faturamento bruto dessas instituições seja transformado em vagas. O programa não fornece nenhuma isenção para as filantrópicas.

Folha - Mas críticos do Universidade para Todos dizem que a isenção poderia ser repensada.
Tarso
- Nenhuma instituição até agora, seja UNE, Andifes ou qualquer outra, propôs que fosse extinta a isenção originária da Constituição de 1988 para as filantrópicas. Essa proposta não existe.
O que a Andifes criticou foi a pequena isenção para as "empresas de ensino", entendendo que esses recursos não deveriam ser trocados por vagas.
Trata-se da discussão de parte do Universidade para Todos, não do projeto. Essas vagas das "empresas" se tornarão públicas por 20% a 25% do que custa uma vaga do Fies, esta sim paga.

Folha - Qual será o custo?
Tarso
- Se todas as "empresas de ensino" aderissem, o que efetivamente não vai ocorrer, o custo do Universidade para Todos seria em torno de R$ 200 milhões. Ou seja, 20% do gasto com o Fies.

Folha - E o custo da isenção concedida às filantrópicas?
Tarso
- Comparado com a situação atual, é custo zero nas filantrópicas. Estamos regulamentando uma filantropia já existente. As filantrópicas não devem para a União. É a Constituição que diz isso. Portanto, não há renúncia, porque elas não são empresas ou instituições que possam ser taxadas. O que estamos fazendo é regulando a caracterização da filantropia a custo zero e transformando em vagas.

Folha - Já que a isenção das filantrópicas existe e não há contrapartida das vagas, não seria o caso de aumentar a fiscalização?
Tarso
- Não, porque a lei determina a resposta da gratuidade de maneira genérica. O Universidade para Todos é o contrário. Torna transparente o retorno da gratuidade.

Folha - E como será a fiscalização?
Tarso
- De forma quantitativa. Com a regulamentação, as vagas podem ser fiscalizadas pelo MEC.


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