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JUVENTUDE ENCARCERADA
Agressão coletiva teria ocorrido em ala de presídio no interior paulista; a instituição nega
Jovens da Febem foram espancados, diz ONG
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Entidades de direitos humanos
e de defesa dos adolescentes identificaram ontem, na penitenciária
de Tupi Paulista (663 km de SP),
internos da Febem (Fundação Estadual do Bem Estar do Menor)
com marcas provocadas por um
suposto espancamento coletivo.
Entre os internos que teriam sido agredidos está o adolescente
A., 19, que era apontado como o
melhor jogador da Copa Febem e
que já despertava interesse de empresários de futebol. A Febem tinha se comprometido a transferi-lo para a capital para que participasse dos jogos -preliminares
do Campeonato Paulista-, mas
não cumpriu a promessa.
Ontem à noite, adolescentes
eram submetidos a exame de corpo de delito para tentar confirmar
as agressões. Os exames eram
acompanhados por representantes do Ministério Público, da Justiça e da Polícia Civil.
Segundo a Amar (associação de
mães de internos), a ONG Conectas e o Movimento Nacional de
Direitos Humanos, a maior parte
de cerca de 80 adolescentes de
uma ala do presídio apresentava
lesões em braços, costas e pernas.
De acordo com as entidades, os
internos afirmaram que foram
agredidos na noite do último domingo. Nas celas, os adolescentes
teriam feito uma manifestação
para que um interno tivesse atendimento médico.
Eles narraram que os agentes
penitenciários, com pedaços de
madeira e barras de ferros, entraram nas celas e passaram a agredi-los. Um deles teria perdido vários dentes, segundo Ariel de Castro Alves, do Movimento Nacional de Direitos Humanos.
Se as agressões forem confirmadas, será aberta uma investigação
policial para apurar o caso.
No dia 18 de março, o governador Geraldo Alckmin (PSDB)
anunciou a transferência de 700
internos com 18 anos ou mais para a penitenciária de Tupi Paulista. Nesse grupo, estavam internos
da chamada Casa do Atleta, que
reúne jovens com bom comportamento e habilidade esportiva.
Depois da divulgação da transferência, a Febem tinha prometido
que eles retornariam à capital para competir, o que não ocorreu.
A assessoria da Febem informou que a instituição "acredita
na convicção de que os internos
não foram agredidos". Mas afirmou que apóia qualquer investigação sobre possíveis atos de violência. Segundo a Febem, o seu
corregedor-geral, Alexandre Perroni, estava em Tupi Paulista no
final de semana e não constatou
nenhuma irregularidade.
Em relação ao jovem A., a Febem informou que houve uma
"falha" no transporte, o que impossibilitou que ele retornasse para a capital. Seu time jogou no final de semana e fez a preliminar
entre São Paulo e Ponte Preta.
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