São Paulo, quarta-feira, 13 de abril de 2005

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JUVENTUDE ENCARCERADA

Agressão coletiva teria ocorrido em ala de presídio no interior paulista; a instituição nega

Jovens da Febem foram espancados, diz ONG

GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Entidades de direitos humanos e de defesa dos adolescentes identificaram ontem, na penitenciária de Tupi Paulista (663 km de SP), internos da Febem (Fundação Estadual do Bem Estar do Menor) com marcas provocadas por um suposto espancamento coletivo.
Entre os internos que teriam sido agredidos está o adolescente A., 19, que era apontado como o melhor jogador da Copa Febem e que já despertava interesse de empresários de futebol. A Febem tinha se comprometido a transferi-lo para a capital para que participasse dos jogos -preliminares do Campeonato Paulista-, mas não cumpriu a promessa.
Ontem à noite, adolescentes eram submetidos a exame de corpo de delito para tentar confirmar as agressões. Os exames eram acompanhados por representantes do Ministério Público, da Justiça e da Polícia Civil.
Segundo a Amar (associação de mães de internos), a ONG Conectas e o Movimento Nacional de Direitos Humanos, a maior parte de cerca de 80 adolescentes de uma ala do presídio apresentava lesões em braços, costas e pernas.
De acordo com as entidades, os internos afirmaram que foram agredidos na noite do último domingo. Nas celas, os adolescentes teriam feito uma manifestação para que um interno tivesse atendimento médico.
Eles narraram que os agentes penitenciários, com pedaços de madeira e barras de ferros, entraram nas celas e passaram a agredi-los. Um deles teria perdido vários dentes, segundo Ariel de Castro Alves, do Movimento Nacional de Direitos Humanos.
Se as agressões forem confirmadas, será aberta uma investigação policial para apurar o caso.
No dia 18 de março, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou a transferência de 700 internos com 18 anos ou mais para a penitenciária de Tupi Paulista. Nesse grupo, estavam internos da chamada Casa do Atleta, que reúne jovens com bom comportamento e habilidade esportiva. Depois da divulgação da transferência, a Febem tinha prometido que eles retornariam à capital para competir, o que não ocorreu.
A assessoria da Febem informou que a instituição "acredita na convicção de que os internos não foram agredidos". Mas afirmou que apóia qualquer investigação sobre possíveis atos de violência. Segundo a Febem, o seu corregedor-geral, Alexandre Perroni, estava em Tupi Paulista no final de semana e não constatou nenhuma irregularidade.
Em relação ao jovem A., a Febem informou que houve uma "falha" no transporte, o que impossibilitou que ele retornasse para a capital. Seu time jogou no final de semana e fez a preliminar entre São Paulo e Ponte Preta.


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