|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Dançarinos deixam profissão para serem "personal dancers"
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
Dançarino, não: "personal
dancer". É assim que preferem
ser chamados os jovens que freqüentam bailes em Fortaleza
para dançar em troca de pagamento. De bico, a profissão passou a ser meio de vida para a
maioria deles.
Foi o caso de Jairo Martins,
33, ou Jairo Dan, como prefere
ser chamado. Há oito anos, trabalhava em uma empresa de tecidos plásticos. "Comecei a
dançar e, com um mês, já ganhava mais do que na empresa.
Preferi, então, ficar com a dança, que além de tudo é prazerosa e divertida", afirma.
Para faturar bem, os "personal dancers" têm de percorrer
boa parte do circuito de dança
de salão em Fortaleza. Os bailes
acontecem de terça a domingo,
em diferentes locais. Há dias,
como o domingo, em que há um
baile à tarde, no Círculo Militar, e um à noite, no Alpendre
da Villa. "Num dia assim, dá para faturar até R$ 150", diz Jairo.
No baile não se vê brigas nem
bêbados. No palco, músicos tocam canções conhecidas, com
ritmos que variam do samba ao
bolero, xaxado ou forró. "Sou
louca por tango, mas não tem
um lugar que toque", diz Maria
Célia Portela Bastos, 75.
Para o "personal dancer"
Cláudio Salomão, a profissão
foi criada porque havia uma demanda. "Muitas idosas foram
aprender a dançar como forma
de entrar em forma, cuidar da
saúde. Mas, depois, não tinham
com quem sair para dançar.
Havia uma demanda e hoje
existem de 70 a 80 dançarinos
no mercado em Fortaleza."
Ele tem um grupo de dançarinos que reúne em eventos especiais, como foi o aniversário
de 90 anos de sua parceira Irene Barbosa Martins, no ano
passado. "Fiz a festa em um
buffet e contratei 15 dançarinos. Outras amigas levaram
seus próprios parceiros de dança. À meia-noite, dancei uma
valsa com todos. Foi a melhor
festa de todas", lembra Irene.
Francisco Fábio Rodrigues
de Souza, 22, também vive da
dança, a maioria das vezes só na
"ficha", pois é novo no ramo.
Ele conta que já sentiu preconceito de outros ao ser chamado
de "dançarino" e que, por isso,
prefere "personal dancer".
Texto Anterior: Idosas pagam dançarinos em bailes em Fortaleza Próximo Texto: Empresários vão à Justiça para alugar cães em Curitiba Índice
|