São Paulo, domingo, 13 de abril de 2008

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Dançarinos deixam profissão para serem "personal dancers"

DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

Dançarino, não: "personal dancer". É assim que preferem ser chamados os jovens que freqüentam bailes em Fortaleza para dançar em troca de pagamento. De bico, a profissão passou a ser meio de vida para a maioria deles.
Foi o caso de Jairo Martins, 33, ou Jairo Dan, como prefere ser chamado. Há oito anos, trabalhava em uma empresa de tecidos plásticos. "Comecei a dançar e, com um mês, já ganhava mais do que na empresa. Preferi, então, ficar com a dança, que além de tudo é prazerosa e divertida", afirma.
Para faturar bem, os "personal dancers" têm de percorrer boa parte do circuito de dança de salão em Fortaleza. Os bailes acontecem de terça a domingo, em diferentes locais. Há dias, como o domingo, em que há um baile à tarde, no Círculo Militar, e um à noite, no Alpendre da Villa. "Num dia assim, dá para faturar até R$ 150", diz Jairo.
No baile não se vê brigas nem bêbados. No palco, músicos tocam canções conhecidas, com ritmos que variam do samba ao bolero, xaxado ou forró. "Sou louca por tango, mas não tem um lugar que toque", diz Maria Célia Portela Bastos, 75.
Para o "personal dancer" Cláudio Salomão, a profissão foi criada porque havia uma demanda. "Muitas idosas foram aprender a dançar como forma de entrar em forma, cuidar da saúde. Mas, depois, não tinham com quem sair para dançar. Havia uma demanda e hoje existem de 70 a 80 dançarinos no mercado em Fortaleza."
Ele tem um grupo de dançarinos que reúne em eventos especiais, como foi o aniversário de 90 anos de sua parceira Irene Barbosa Martins, no ano passado. "Fiz a festa em um buffet e contratei 15 dançarinos. Outras amigas levaram seus próprios parceiros de dança. À meia-noite, dancei uma valsa com todos. Foi a melhor festa de todas", lembra Irene.
Francisco Fábio Rodrigues de Souza, 22, também vive da dança, a maioria das vezes só na "ficha", pois é novo no ramo. Ele conta que já sentiu preconceito de outros ao ser chamado de "dançarino" e que, por isso, prefere "personal dancer".


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