São Paulo, segunda, 13 de abril de 1998

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Crime ocorreu pouco antes da eleição de 89

da Reportagem Local

O sequestro do empresário Abílio Diniz ocorreu dias antes da realização do segundo turno da eleição presidencial, em dezembro de 89. O cativeiro do empresário foi descoberto na véspera da eleição.
Um dos sequestradores, o chileno Sergio Urtubia, preso, apareceu vestindo uma camiseta do PT (Partido dos Trabalhadores).
Em sua casa, a polícia encontrou material de campanha do PT e uma agenda com números de telefones de pessoas do partido, entre eles Eduardo Suplicy (na época, presidente da Câmara Municipal paulistana), José Dirceu (então secretário-geral do PT) e Luis Eduardo Greenhalgh (então vice-prefeito de São Paulo).
O Partido dos Trabalhadores afirmou, na época, que a camiseta e o material do PT haviam sido usados propositadamente para prejudicar a candidatura de Lula (PT) à presidência.
Rede internacional
Em maio de 93, explodiu acidentalmente uma oficina mecânica em Manágua, capital da Nicarágua. No local, foram encontrados mísseis, armas, uma lista com nomes de 65 brasileiros sequestráveis, além de documentos reais e falsos de Christine Lamont e David Spencer, os dois canadenses que participaram do sequestro de Abílio Diniz.
O "bunker" era guardado por organizações políticas de esquerda. Entre elas a ETA, organização separatista basca que atua na França e na Espanha, e as Forças Populares de Libertação (FPL, de El Salvador). No local ainda foi encontrada uma lista com o nome de 77 sequestráveis mexicanos.
A documentação evidenciou a formação de uma rede internacional de sequestros. Os desdobramentos da explosão do "bunker", por meio de investigações em vários países como Espanha, Chile, Nicarágua e Brasil, revelaram que a rede ligaria pelo menos 12 agremiações políticas de cerca de dez países. O objetivo da rede internacional de sequestradores era o de obter recursos financeiros para o "autogerenciamento" de grupos "progressistas".
Os líderes dos sequestradores, o argentino Humberto Paz e a chilena Maria Marchi Badilla eram militantes do Movimento Revolucionário de Esquerda (MIR), do Chile. Paz afirmou, ao ser preso, que pretendia fundar no Brasil uma nova organização política, sem ligação com nenhum outro partido. O sequestrador brasileiro, Raimundo Rosélio, submeteu-se a treinamento militar na Nicarágua. (PRISCILA LAMBERT)


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