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Crime ocorreu pouco antes da eleição de 89
da Reportagem Local
O sequestro do empresário Abílio Diniz ocorreu dias antes da realização do segundo turno da eleição presidencial, em dezembro de
89. O cativeiro do empresário foi
descoberto na véspera da eleição.
Um dos sequestradores, o chileno Sergio Urtubia, preso, apareceu vestindo uma camiseta do PT
(Partido dos Trabalhadores).
Em sua casa, a polícia encontrou
material de campanha do PT e
uma agenda com números de telefones de pessoas do partido, entre
eles Eduardo Suplicy (na época,
presidente da Câmara Municipal
paulistana), José Dirceu (então secretário-geral do PT) e Luis
Eduardo Greenhalgh (então vice-prefeito de São Paulo).
O Partido dos Trabalhadores
afirmou, na época, que a camiseta
e o material do PT haviam sido
usados propositadamente para
prejudicar a candidatura de Lula
(PT) à presidência.
Rede internacional
Em maio de 93, explodiu acidentalmente uma oficina mecânica
em Manágua, capital da Nicarágua. No local, foram encontrados
mísseis, armas, uma lista com nomes de 65 brasileiros sequestráveis, além de documentos reais e
falsos de Christine Lamont e David Spencer, os dois canadenses
que participaram do sequestro de
Abílio Diniz.
O "bunker" era guardado por
organizações políticas de esquerda. Entre elas a ETA, organização
separatista basca que atua na
França e na Espanha, e as Forças
Populares de Libertação (FPL, de
El Salvador). No local ainda foi encontrada uma lista com o nome de
77 sequestráveis mexicanos.
A documentação evidenciou a
formação de uma rede internacional de sequestros. Os desdobramentos da explosão do "bunker",
por meio de investigações em vários países como Espanha, Chile,
Nicarágua e Brasil, revelaram que
a rede ligaria pelo menos 12 agremiações políticas de cerca de dez
países. O objetivo da rede internacional de sequestradores era o de
obter recursos financeiros para o
"autogerenciamento" de grupos
"progressistas".
Os líderes dos sequestradores, o
argentino Humberto Paz e a chilena Maria Marchi Badilla eram militantes do Movimento Revolucionário de Esquerda (MIR), do Chile. Paz afirmou, ao ser preso, que
pretendia fundar no Brasil uma
nova organização política, sem ligação com nenhum outro partido.
O sequestrador brasileiro, Raimundo Rosélio, submeteu-se a
treinamento militar na Nicarágua.
(PRISCILA LAMBERT)
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