São Paulo, segunda, 13 de abril de 1998

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CELULAR
Equipamento é deixado em lixão sem preparo, podendo contaminar o solo e comprometer a saúde da população
Baterias viram bomba de lixo tóxico

MARTA SALOMON
da Sucursal de Brasília

O número de telefones celulares no país cresceu mais de dez vezes nos últimos quatro anos e poderá dobrar novamente até o final do século. Na mesma proporção, cresce a quantidade de metais pesados altamente tóxicos, como chumbo e cádmio, lançados nos lixões das grandes cidades.
Por ano, segundo estimativa preliminar do Ministério do Meio Ambiente, 11 toneladas de baterias de celulares são descartadas. Embora as baterias não funcionem mais, os metais pesados que elas contêm vão contaminar o meio ambiente e ameaçar a população.
Não é apenas quem manuseia esses produtos que está correndo risco. Os metais pesados vazam das baterias, contaminam o solo e a água e podem chegar aos alimentos. Chumbo e cádmio, por exemplo, podem provocar doenças do sistema nervoso, comprometer ossos e rins.
Como o governo e os fabricantes ainda não sabem o que fazer com esse lixo, a maioria das baterias acaba misturada ao lixo doméstico, sem tratamento apropriado. No Brasil, não existem aterros públicos apropriados para substâncias perigosas.
A reciclagem de baterias de celulares é um problema até para países mais desenvolvidos, como Estados Unidos, Alemanha e Suíça. O Brasil só recicla o chumbo das baterias automotivas.
Nos lixões, as baterias de celulares não são as únicas que deixam vazar metais pesados. Por ano, mais de um milhão de pilhas -usadas em rádios, lanternas e brinquedos- também são descartadas no lixo doméstico. A elas, se soma um número não calculado de baterias de relógios.
"Se conseguirmos fazer o recolhimento e o confinamento dessas baterias, já será um avanço", avalia Jair Sarmento, diretor-técnico do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente).
Resolução
Baterias e pilhas deverão ser enquadradas por uma resolução do Conama até o final do ano, acenam técnicos do governo. A tendência do Conselho é encontrar uma fórmula de responsabilizar os fabricantes pelas baterias usadas.
Trata-se de uma tendência mundial obrigar os fabricantes a receber as baterias de volta e a providenciar um destino para elas. Mas aqui, o mecanismo vem enfrentando resistências há anos.
A Motorola -empresa líder no mercado brasileiro- entende que já assume tal responsabilidade ao recomendar informalmente aos clientes que devolvam as baterias usadas nos postos de venda.
A empresa não informou quantas baterias já recolheu na fábrica de Jaguariúna (SP), onde estariam sendo depositadas até que se descubra um destino seguro para elas.



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