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CELULAR
Equipamento é deixado em lixão sem preparo, podendo contaminar o solo e comprometer a saúde da população
Baterias viram bomba de lixo tóxico
MARTA SALOMON
da Sucursal de Brasília
O número de telefones celulares
no país cresceu mais de dez vezes
nos últimos quatro anos e poderá
dobrar novamente até o final do
século. Na mesma proporção,
cresce a quantidade de metais pesados altamente tóxicos, como
chumbo e cádmio, lançados nos
lixões das grandes cidades.
Por ano, segundo estimativa
preliminar do Ministério do Meio
Ambiente, 11 toneladas de baterias
de celulares são descartadas. Embora as baterias não funcionem
mais, os metais pesados que elas
contêm vão contaminar o meio
ambiente e ameaçar a população.
Não é apenas quem manuseia esses produtos que está correndo
risco. Os metais pesados vazam
das baterias, contaminam o solo e
a água e podem chegar aos alimentos. Chumbo e cádmio, por exemplo, podem provocar doenças do
sistema nervoso, comprometer
ossos e rins.
Como o governo e os fabricantes
ainda não sabem o que fazer com
esse lixo, a maioria das baterias
acaba misturada ao lixo doméstico, sem tratamento apropriado.
No Brasil, não existem aterros públicos apropriados para substâncias perigosas.
A reciclagem de baterias de celulares é um problema até para países mais desenvolvidos, como Estados Unidos, Alemanha e Suíça.
O Brasil só recicla o chumbo das
baterias automotivas.
Nos lixões, as baterias de celulares não são as únicas que deixam
vazar metais pesados. Por ano,
mais de um milhão de pilhas
-usadas em rádios, lanternas e
brinquedos- também são descartadas no lixo doméstico. A elas,
se soma um número não calculado de baterias de relógios.
"Se conseguirmos fazer o recolhimento e o confinamento dessas
baterias, já será um avanço", avalia Jair Sarmento, diretor-técnico
do Conama (Conselho Nacional
do Meio Ambiente).
Resolução
Baterias e pilhas deverão ser enquadradas por uma resolução do
Conama até o final do ano, acenam técnicos do governo. A tendência do Conselho é encontrar
uma fórmula de responsabilizar os
fabricantes pelas baterias usadas.
Trata-se de uma tendência mundial obrigar os fabricantes a receber as baterias de volta e a providenciar um destino para elas. Mas
aqui, o mecanismo vem enfrentando resistências há anos.
A Motorola -empresa líder no
mercado brasileiro- entende que
já assume tal responsabilidade ao
recomendar informalmente aos
clientes que devolvam as baterias
usadas nos postos de venda.
A empresa não informou quantas baterias já recolheu na fábrica
de Jaguariúna (SP), onde estariam
sendo depositadas até que se descubra um destino seguro para elas.
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