São Paulo, segunda, 13 de abril de 1998

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VIOLÊNCIA ADOLESCENTE
"Português" diz que raiva motivou o crime
"Professora pediu para ser morta"

WAGNER OLIVEIRA
da Agência Folha, no ABCD

Walter Camacho, 18, o "Português", disse que a professora Beatriz Junqueira da Silveira Santos "pediu para ser morta" ao ser sequestrada por ele e seu amigo C.G.S., 16, o "Xuxa".
"No meio do caminho (entre Jacareí e São Bernardo do Campo), ela falava: "Me mata, me mata'", afirmou.
Um dos acusados pela morte de Beatriz, ele disse não ter nenhum outro sentimento pela professora além de raiva. Leia a seguir os principais trechos da entrevista.
Agência Folha - Por que matar uma ex-professora sua? Você a odiava a esse ponto?
Walter Camacho -
Ela me expulsou da escola em 92. Eu tinha muita raiva dela.
Agência Folha -Por que você cometeu o crime seis anos depois de ser expulso? Alguma pessoa ligado ao tráfico de drogas poderia ter o influenciado?
Camacho -
Ninguém. Foi vingança mesmo. Eu tinha muita raiva dela mesmo.
Agência Folha - A menina S.R.J., 12, tem alguma ligação com você? Você tem conhecimento de que ela estaria envolvida com o tráfico de drogas?
Camacho -
Não conheço essa menina. O meu crime não tem nenhuma relação com o tráfico.
Agência Folha - No trajeto entre Jacareí e São Bernardo do Campo, vocês e a professora conversaram?
Camacho -
Conversamos. Mas ela estava muito nervosa. No meio do caminho, ela só falava: "Me mata, me mata". Mas a intenção não era matar. Mas sei lá. Vem coisas na cabeça e você acaba cometendo a bobagem.
Agência Folha - Você está arrependido?
Camacho -
Até dar o tiro na cabeça dela, não tinha nenhum sentimento por ela, só raiva. Mas depois me deu arrependimento.
Agência Folha - O que vale a vida para você?
Camacho -
Não sei responder.
Agência Folha - Faltou alguma coisa na sua formação?
Camacho -
Meus pais fizeram o que puderam. Eu não sei. Sou filho de português. Eu também nasci em Portugal. A gente não sabe por que entra nessa vida.
Agência Folha - Você chorou quando reconstituiu o crime. Por que?
Camacho -
Se pudesse voltar, não teria feito aquilo. A gente aqui fica parecendo bicho acuado, com jornalista e polícia para todo lado. Mas eu pedi por isso. Fiz, tenho que pagar.
Agência Folha - Você está com o nariz com sangue ressecado. Foi espancado por alguém?
Camacho -
Não.
Agência Folha - Você tem alguma coisa para falar para a família da professora?
Camacho -
Não



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