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VIOLÊNCIA ADOLESCENTE
"Português" diz que raiva motivou o crime
"Professora pediu
para ser morta"
WAGNER OLIVEIRA
da Agência Folha, no ABCD
Walter Camacho, 18, o "Português", disse que a professora
Beatriz Junqueira da Silveira
Santos "pediu para ser morta"
ao ser sequestrada por ele e seu
amigo C.G.S., 16, o "Xuxa".
"No meio do caminho (entre
Jacareí e São Bernardo do Campo), ela falava: "Me mata, me
mata'", afirmou.
Um dos acusados pela morte
de Beatriz, ele disse não ter nenhum outro sentimento pela
professora além de raiva. Leia a
seguir os principais trechos da
entrevista.
Agência Folha - Por que matar
uma ex-professora sua? Você a
odiava a esse ponto?
Walter Camacho - Ela me expulsou da escola em 92. Eu tinha
muita raiva dela.
Agência Folha -Por que você
cometeu o crime seis anos depois de ser expulso? Alguma pessoa ligado ao tráfico de drogas
poderia ter o influenciado?
Camacho - Ninguém. Foi vingança mesmo. Eu tinha muita
raiva dela mesmo.
Agência Folha - A menina
S.R.J., 12, tem alguma ligação
com você? Você tem conhecimento de que ela estaria envolvida com o tráfico de drogas?
Camacho - Não conheço essa
menina. O meu crime não tem
nenhuma relação com o tráfico.
Agência Folha - No trajeto entre Jacareí e São Bernardo do
Campo, vocês e a professora conversaram?
Camacho - Conversamos.
Mas ela estava muito nervosa.
No meio do caminho, ela só falava: "Me mata, me mata". Mas a
intenção não era matar. Mas sei
lá. Vem coisas na cabeça e você
acaba cometendo a bobagem.
Agência Folha - Você está arrependido?
Camacho - Até dar o tiro na
cabeça dela, não tinha nenhum
sentimento por ela, só raiva. Mas
depois me deu arrependimento.
Agência Folha - O que vale a vida para você?
Camacho - Não sei responder.
Agência Folha - Faltou alguma
coisa na sua formação?
Camacho - Meus pais fizeram
o que puderam. Eu não sei. Sou
filho de português. Eu também
nasci em Portugal. A gente não
sabe por que entra nessa vida.
Agência Folha - Você chorou
quando reconstituiu o crime. Por
que?
Camacho - Se pudesse voltar,
não teria feito aquilo. A gente
aqui fica parecendo bicho acuado, com jornalista e polícia para
todo lado. Mas eu pedi por isso.
Fiz, tenho que pagar.
Agência Folha - Você está com
o nariz com sangue ressecado.
Foi espancado por alguém?
Camacho - Não.
Agência Folha - Você tem alguma coisa para falar para a família
da professora?
Camacho - Não
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