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SEGURANÇA
Líderes da facção devem ficar em São Paulo por um período de dez a 20 dias; rebeliões no interior fizeram 24 reféns
Polícia pretendia isolar a cúpula do PCC
DA REPORTAGEM LOCAL
Antes do início da nova onda de
ataques comandada pelo PCC, a
polícia paulista tinha a intenção
de manter a cúpula da facção criminosa isolada na sede do Deic
(Departamento de Investigações
sobre o Crime Organizado), em
São Paulo, por um período de dez
a 20 dias, antes de encaminhá-la
para Presidente Venceslau, como
fez com mais de 700 presos.
A necessidade de manter os líderes em São Paulo para que prestassem depoimento seria o pretexto para cortar os canais de comunicação entre os líderes e os integrantes da facção.
A Folha apurou que a transferência foi decidida por conta das
informações de que o PCC, o
maior grupo criminoso organizado do Estado, tinha um plano para atacar lideranças políticas.
A transferência dos presidiários, iniciada anteontem e concluída ontem, ocorreu exatamente um dia após os delegados Godofredo Bittencourt e Rui Ferraz
Fontes, do Deic, prestarem depoimento sobre as ações do grupo
aos deputados da CPI (Comissão
Parlamentar de Inquérito) do
Tráfico de Armas, em Brasília
(DF). A sessão foi secreta.
A Secretaria da Administração
Penitenciária não informou os
critérios para as transferências,
mas a Folha apurou que a penitenciária de Presidente Venceslau
será transformada em uma unidade específica para o PCC.
O presídio passou por uma reforma de R$ 5 milhões, que começou em setembro de 2005, após
um motim que o destruiu. Com a
reforma, a capacidade da unidade
passou de 852 para 1.248 presos.
A Secretaria da Administração
Penitenciária não divulgou a lista
de presos transferidos para Presidente Venceslau, mas informou
que os critérios para a transferência foram "administrativos", para
inibir rebeliões e motins nas 144
unidades prisionais do Estado.
Antes dos levantes de ontem, a
SAP já tinha registrado 13 rebeliões e 27 motins neste ano.
Até a conclusão desta edição, o
Deic mantinha um forte esquema
de segurança no prédio. O trecho
da av. Zachi Narchi, na zona norte, onde fica o prédio foi fechado
ao trânsito. Carros da polícia foram usados como barricada para
cercar o edifício. O temor era uma
possível operação de resgate.
Rebeliões
Logo após as transferências da
cúpula do PCC para São Paulo, a
facção comandou duas rebeliões,
em Avaré (262 km a oeste de São
Paulo) e em Iaras (282 km a noroeste da capital), iniciadas por
volta das 16h30 de ontem.
Em ambas os detentos fizeram
12 agentes penitenciários reféns,
segundo a Secretaria da Administração Penitenciária. Um agente
foi liberado no começo da noite
por causa dos ferimentos. Ele foi
medicado e seu quadro é estável.
Armados com revolveres e pistolas, os rebelados estão no telhados dos prédios. As unidades estariam completamente destruídas. Até a conclusão desta edição,
não tinham feito reivindicações.
Logo no início da rebelião,
quando a polícia tentou entrar na
unidade de Avaré, o capitão André Luiz de Oliveira foi baleado na
perna. Ele passava bem.
Em Iaras, os detentos atearam
fogo à cozinha do presídio. Os diretores das duas unidades negociavam, até a conclusão desta edição, o fim dos motins.
O presídio de Iaras abriga hoje
435 presos, mas tem capacidade
para 792. Avaré 1 tem capacidade
para 520 detentos. Abriga só 154,
pois parte do presídio está em reforma. Era lá que Marcola estava
até ontem.
Em janeiro, Marcola foi transferido para Avaré após uma tentativa frustrada de resgate no complexo penitenciário de Presidente
Bernardes (589 km de SP).
Em março, foram divulgadas
fotos em que Marcola aparece
usando um celular dentro do presídio. Ele aparece em uma fotografia tirada por outro celular.
Colaboraram THIAGO REIS, da Agência
Folha, e a Folha Ribeirão
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