São Paulo, quarta-feira, 13 de junho de 2007

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Alunos admitem desocupar reitoria da USP

Em assembléia tensa, eles aprovaram indicativo para deixar prédio, mas condicionam medida à discussão de reivindicações com reitora

Fim da invasão, que hoje completa 41 dias, ainda terá que ser referendada pelos alunos em nova assembléia, ainda sem data marcada

ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Os estudantes da USP aprovaram ontem, em uma assembléia tensa e dividida, um indicativo de desocupação do prédio da reitoria, invadido há 41 dias, mas mantiveram a greve. Esse é o primeiro recuo desde o início do movimento e ocorreu um dia após os professores aprovarem o fim de sua paralisação, que durava 19 dias.
A desocupação, porém, foi condicionada a discussão com a reitora Suely Vilela de uma lista de reivindicações. Depois, eles farão nova assembléia, ainda sem data definida, para referendar ou não o fim da invasão.
Como já está programado um encontro nacional de estudantes no sábado, na própria reitoria, o fim da invasão não deve ocorrer antes dessa data.
Entre as reivindicações estão a não-punição aos invasores e a manutenção dos pontos já aceitos pela reitora (como refeições aos domingos, transporte nos fins de semana e construção de 198 moradias). Até a conclusão desta edição, os alunos votavam outras reivindicações que serão apresentadas à reitora.
A assembléia, que teve de 200 a 300 pessoas (no auge do movimento, essas reuniões chegaram a atrair 2.000 estudantes), foi marcada pela divisão de posições e a troca de acusações entre os grupos.
Os favoráveis à desocupação acusavam seus adversários de terem desaparecido durante o feriado prolongado. O grupo que defende a permanência da invasão dizia que recuar seria demonstração de fraqueza. A USP tem 80.589 alunos.
Estudantes e servidores fazem uma greve parcial contra decretos do governador José Serra (PSDB-SP) que, para eles, ferem a autonomia universitária. No fim de maio, Serra publicou novo decreto assegurando a autonomia. Anteontem, os professores encerraram sua greve, satisfeitos com a medida e com o reajuste salarial proposto -os do campus de Ribeirão fizeram o mesmo ontem-, mas os servidores votaram pela manutenção da paralisação.

Negociações
Ontem, antes da assembléia dos estudantes, os servidores enviaram uma carta à reitora reivindicando a reabertura do diálogo, suspenso desde o início da semana passada. O pedido foi interpretado na reitoria como uma mostra do enfraquecimento do movimento, revelando terem "sentido o golpe" do abandono pelos docentes.
No último encontro, Suely disse que não discutiria mais propostas enquanto a reitoria estivesse invadida e qye não poderia mais garantir os acordos feitos anteriormente.
O documento enviado à reitoria é assinado pelo Sintusp (sindicato dos trabalhadores da USP), mas fala também em nome dos estudantes. Segundo a assessoria de imprensa da USP, a reitora o recebeu, mas não havia uma decisão se aceitaria receber os manifestantes. Os estudantes não tinham se manifestado sobre a carta.


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