São Paulo, sábado, 13 de junho de 2009

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"Gangue do aluguel" do Morumbi é presa

Polícia diz que bando atuou em seis roubos; criminosos fingiam procurar casa para alugar a fim de obter informações sobre os vizinhos

Na conversa com o corretor, o "casal de empresários" procurava descobrir a rotina dos moradores da região, como horários e viagens

ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Civil diz ter identificado os acusados de integrar a quadrilha de ladrões que simulava interesse em comprar ou alugar casas de alto padrão no Morumbi, bairro nobre na zona oeste de São Paulo, a fim de roubar os imóveis vizinhos. Cinco deles já foram presos.
A polícia afirma ter coletado provas e indícios de que o bando atuou em pelo menos seis episódios de roubos a residências na região entre outubro de 2008 e o mês passado.
Com a divulgação do caso e das prisões, os investigadores acreditam que mais vítimas denunciarão os criminosos e o número de assaltos relacionados à quadrilha subirá.
"Existem situações nas quais as vítimas têm medo de falar com a polícia quando sabem que os ladrões estão soltos, mas, depois da prisão dos acusados, as pessoas tomam coragem. As imagens de todos os acusados estão aqui na delegacia disponíveis para identificação em outros casos", afirma o delegado José Luiz Antunes, da 3ª Delegacia Seccional Oeste.
Além das cinco pessoas presas, a chamada "Gangue do Aluguel" era composta ainda, segundo a polícia, por um adolescente, já apreendido, e dois homens mortos em assaltos.
Um morreu em novembro durante um roubo a uma residência do Morumbi. O outro, no mês passado, em um ataque a uma padaria na Aclimação- membros da quadrilha também costumavam praticar outros crimes (leia abaixo).
Dois vigilantes que trabalham no Morumbi foram indiciados pela polícia (acusados em inquérito policial) sob a acusação de repassar dados sobre o sistema de segurança dos imóveis e a rotina dos moradores do bairro para a gangue.

Modus operandi
Segundo delegado, o bando agia de modo organizado. Um casal percorria o bairro a fim de localizar imóveis vazios à venda ou disponíveis para locação. Sempre bem vestidos, diziam ser empresários. Depois de mapear as casas, a dupla marcava uma visita ao imóvel, que era feita sempre com a participação de um terceiro bandido.
Enquanto o casal conversava com o corretor, o outro criminoso tinha a missão de tentar identificar na casa vazia os pontos vulneráveis dos imóveis vizinhos- os verdadeiros alvos da "Gangue do Aluguel".
Na conversa com o corretor de imóveis, o "casal de empresários" procurava obter dados preciosos sobre os vizinhos: quem eram, se saíam cedo para o trabalho, se eram barulhentos e se viajavam com frequência, por exemplo.
Em alguns casos, os ladrões levantaram até mesmo os horários de patrulhamento da Polícia Militar na região. Tudo com o objetivo de compreender a rotina da rua e descobrir a melhor maneira de agir.
Um dos roubos praticados pela gangue ocorreu em 13 de novembro passado. A "Gangue do Aluguel" fez a família de um empresário e seus funcionários reféns e roubaram joias, eletroeletrônicos e dois carros -uma perua Hyundai Santa Fe e uma Fiorino.
Na fuga, os ladrões trocaram tiros com policiais militares. O entregador Wellington da Silva de Oliveira, 22, acabou morto. Wilson Araújo da Silva foi baleado e, depois, preso. A Folha não conseguiu falar com os advogados dos acusados.


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