|
Próximo Texto | Índice
SAÚDE
Duas unidades foram inauguradas na gestão de Anthony Garotinho sem equipamentos cirúrgicos e centro obstétrico
No Rio, precariedade marca hospitais novos
SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO
Dois dos três hospitais inaugurados por Anthony Garotinho
(PSB) às vésperas de deixar o governo do Rio estão funcionando
como postos de saúde, sem centros cirúrgico e obstétrico.
Pessoas em estado grave que necessitam de cirurgia e mulheres
grávidas que vão aos hospitais
têm de ser transferidas.
O caso mais grave é o do Hospital Geral Alberto Torres, em São
Gonçalo (a 25 km da capital). Lá,
além de os centros cirúrgico e
obstétrico estarem fechados desde a inauguração -em 8 de março-, 264 funcionários, entre médicos, enfermeiros e auxiliares administrativos foram demitidos.
As demissões, que ocorreram
no último dia 5, foram justificadas
como "corte de despesas" pela direção do hospital, segundo um
dos dispensados.
O critério de escolha dos demitidos não foi informado, de acordo
com o funcionário, que, na esperança de ser reintegrado, não quis
se identificar.
Os 536 funcionários que escaparam, até agora, da demissão só
não estão sobrecarregados porque apenas 30% do hospital funciona -o que corresponde às alas
de emergência, ao ambulatório, à
clínica médica e a um CTI (Centro
de Tratamento Intensivo) improvisado.
Os centros cirúrgico e obstétrico, que têm as portas trancadas,
nunca funcionaram. O motivo:
falta de equipamentos básicos,
como respirador, monitor e mesa
cirúrgica.
No Hospital Prefeito João Baptista Cáffaro, em Itaboraí (a 45 km
do Rio), o CTI não está funcionando. O diretor administrativo
da unidade, Aílton Vieira, informou que o setor, assim como os
centros obstétrico e cirúrgico, está
em obras desde a inauguração,
em dezembro de 2001.
O setor de emergência também
opera de forma precária, sem
equipamentos básicos. Dos cem
leitos, 38 estão disponíveis.
No Hospital Geral de Araruama, na região dos lagos, planejado
para ser uma unidade de referência na região, nenhum dos cem
leitos está pronto.
De acordo com o secretário estadual de Saúde, Leôncio Feitosa,
as três unidades "foram inauguradas em situação de engodo para
a população". "Foram inaugurações virtuais. Só os prédios estavam prontos", disse.
O presidente do Sindicato dos
Médicos do Rio de Janeiro, Jorge
Darze, concorda.
"Esses hospitais não tinham a
menor condição de funcionar
quando foram inaugurados. As
condições em que estão atendendo põem em risco a vida da população. Uma pessoa em estado grave que procurar o hospital e não
puder ser atendida pode morrer,
pois a demora no atendimento,
em casos assim, pode levar à morte", afirmou Darze.
Demissões
Feitosa afirmou que a demissão
de cerca de 30% do pessoal do
hospital de São Gonçalo foi necessária para adequar o quadro de
funcionários ao serviço oferecido.
Ele disse que também haverá dispensas nas unidades de Itaboraí e
Araruama. Os cortes são possíveis
porque os funcionários não prestaram concurso e foram contrados em regime de urgência.
"Não faz sentido termos médicos que não podem trabalhar. Como vou manter um cirurgião torácico, por exemplo, se não há a
menor condição de fazer cirurgias
desse tipo nesses hospitais?"
O secretário afirmou que, à medida que os hospitais forem se
equipando e abrindo os setores
hoje fechados, os empregados serão reconvocados. Feitosa estimou entre seis e oito meses o prazo para que as três unidades estejam funcionando plenamente.
Próximo Texto: Única unidade de S. Vicente poderá fechar Índice
|