São Paulo, quarta-feira, 13 de julho de 2005

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CASO RICHTHOFEN

Ministro do STJ diz que até envolvimento de Christian com furto levantou dúvidas que o levaram a não libertar irmãos

Para ministro, soltar irmãos seria precipitado

SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do STJ, Edson Vidigal, disse que negou anteontem liminar para libertar os irmãos Cristian e Daniel Cravinhos, que em 2002 assassinaram a golpes o casal Marísia e Manfred von Richthofen, no Brooklin (zona sul), porque havia risco de ser uma decisão precipitada e com conseqüências irreversíveis.
Suzane, ex-namorada de Daniel e filha do casal, havia sido libertada pelo mesmo STJ (Superior Tribunal de Justiça) no final de junho porque o tribunal não viu motivos para mantê-la presa.
Os três, no entanto, são réus confessos e serão julgados pelo tribunal do júri por duplo homicídio triplamente qualificado.
A defesa dos irmãos alegou no pedido que o benefício dado a Suzane, que vai aguardar o julgamento em liberdade, deveria ser estendido a eles. E também argumentou que eles são réus primários e têm residência fixa.
Ao justificar sua decisão, Vidigal usou como exemplo um caso, de julho de 2000, quando liminar do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio de Mello tirou da prisão preventiva o dono do banco Marka, Salvatore Cacciola. A liminar foi cassada dias depois pelo STF, mas Cacciola já havia fugido do país.
O pedido dos Cravinhos será reexaminado em agosto pelos cinco ministros da 6ª Turma.
Vidigal disse não ter ficado convencido de que as condições processuais de Suzane e dos irmãos são semelhantes.
Em razão disso, ele decidiu enviou os autos para o Ministério Público, que vai opinar se concorda ou não com a libertação dos Cravinhos. O ministro ainda citou uma diferença: Cristian também é acusado de furto.
"A decisão liminar em um caso como esse tem de ser cercada de todas as cautelas. Por isso, eu precisei mandar ouvir o Ministério Público", explicou ontem em entrevista à TV Justiça.
No caso de Suzane, o STJ considerou que não havia razões legais para a prisão preventiva (antes da sentença condenatória): perigo à ordem pública ou econômica e risco à instrução criminal ou à eventual aplicação da lei penal.

Sem surpresa
Segundo o promotor que acompanha o caso na Justiça de São Paulo, Roberto Tardelli, a decisão de não estender aos irmãos Cravinhos o habeas corpus de Suzane não teve muita relevância.
"Foi só uma liminar que foi negada. Não me surpreendo com o fato de ela [a liminar] não ter sido concedida." Ele acredita que o julgamento deve ser marcado em breve, uma vez que há réu presos.

Versões diferentes
Desde a descoberta dos assassinatos, tanto os irmãos Cravinhos quanto Suzane vêm culpando um ao outro pelo crime.
Os irmãos dizem que Suzane foi a mentora dos assassinatos porque seu namoro com Daniel era proibido pelos pais. Já Suzane afirma que havia sido influenciada pelos irmãos.
Em entrevista no início do mês ao "Domingo Espetacular", da TV Record, e "Fantástico", da Globo, os irmãos disseram que "foram usados" por Suzane.
Uma advogada de Suzane, no mesmo dia, minimizou a participação de sua cliente no crime.
"Ela é uma menina de personalidade bastante influenciável. Jamais praticaria um crime desses sozinha, sem a influência de ninguém. Está arrependida e sente saudades dos pais", disse a advogada Luzia Helena Sanches.


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