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CASO RICHTHOFEN
Ministro do STJ diz que até envolvimento de Christian com furto levantou dúvidas que o levaram a não libertar irmãos
Para ministro, soltar irmãos seria
precipitado
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do STJ, Edson Vidigal, disse que negou anteontem
liminar para libertar os irmãos
Cristian e Daniel Cravinhos, que
em 2002 assassinaram a golpes o
casal Marísia e Manfred von Richthofen, no Brooklin (zona sul),
porque havia risco de ser uma decisão precipitada e com conseqüências irreversíveis.
Suzane, ex-namorada de Daniel
e filha do casal, havia sido libertada pelo mesmo STJ (Superior Tribunal de Justiça) no final de junho
porque o tribunal não viu motivos para mantê-la presa.
Os três, no entanto, são réus
confessos e serão julgados pelo
tribunal do júri por duplo homicídio triplamente qualificado.
A defesa dos irmãos alegou no
pedido que o benefício dado a Suzane, que vai aguardar o julgamento em liberdade, deveria ser
estendido a eles. E também argumentou que eles são réus primários e têm residência fixa.
Ao justificar sua decisão, Vidigal usou como exemplo um caso,
de julho de 2000, quando liminar
do ministro do STF (Supremo
Tribunal Federal) Marco Aurélio
de Mello tirou da prisão preventiva o dono do banco Marka, Salvatore Cacciola. A liminar foi cassada dias depois pelo STF, mas Cacciola já havia fugido do país.
O pedido dos Cravinhos será
reexaminado em agosto pelos
cinco ministros da 6ª Turma.
Vidigal disse não ter ficado convencido de que as condições processuais de Suzane e dos irmãos
são semelhantes.
Em razão disso, ele decidiu enviou os autos para o Ministério
Público, que vai opinar se concorda ou não com a libertação dos
Cravinhos. O ministro ainda citou
uma diferença: Cristian também é
acusado de furto.
"A decisão liminar em um caso
como esse tem de ser cercada de
todas as cautelas. Por isso, eu precisei mandar ouvir o Ministério
Público", explicou ontem em entrevista à TV Justiça.
No caso de Suzane, o STJ considerou que não havia razões legais
para a prisão preventiva (antes da
sentença condenatória): perigo à
ordem pública ou econômica e
risco à instrução criminal ou à
eventual aplicação da lei penal.
Sem surpresa
Segundo o promotor que
acompanha o caso na Justiça de
São Paulo, Roberto Tardelli, a decisão de não estender aos irmãos
Cravinhos o habeas corpus de Suzane não teve muita relevância.
"Foi só uma liminar que foi negada. Não me surpreendo com o
fato de ela [a liminar] não ter sido
concedida." Ele acredita que o julgamento deve ser marcado em
breve, uma vez que há réu presos.
Versões diferentes
Desde a descoberta dos assassinatos, tanto os irmãos Cravinhos
quanto Suzane vêm culpando um
ao outro pelo crime.
Os irmãos dizem que Suzane foi
a mentora dos assassinatos porque seu namoro com Daniel era
proibido pelos pais. Já Suzane
afirma que havia sido influenciada pelos irmãos.
Em entrevista no início do mês
ao "Domingo Espetacular", da
TV Record, e "Fantástico", da
Globo, os irmãos disseram que
"foram usados" por Suzane.
Uma advogada de Suzane, no
mesmo dia, minimizou a participação de sua cliente no crime.
"Ela é uma menina de personalidade bastante influenciável. Jamais praticaria um crime desses
sozinha, sem a influência de ninguém. Está arrependida e sente
saudades dos pais", disse a advogada Luzia Helena Sanches.
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