São Paulo, domingo, 13 de julho de 2008

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Anônimos da Sumaré contam suas histórias

Quem são e como vivem alguns dos personagens retratados na estação do metrô dez anos depois de sua inauguração

Já disseram que as fotos seriam uma homenagem a pessoas mortas de forma trágica, mas a idéia foi exibir cidadãos comuns e anônimos


FERNANDO MASINI
DA REVISTA DA FOLHA

A maioria dos 10 mil passageiros que passam por dia pela estação Sumaré do metrô de São Paulo já deve ter se perguntado o que significam aqueles rostos fundidos nos vidros da plataforma.
Já disseram que as fotos seriam uma homenagem a pessoas mortas de forma trágica, mas a idéia do trabalho foi exibir pessoas comuns e de raças distintas. A obra foi assinada pelo artista plástico Alex Flemming e completa dez anos em outubro.
São 22 retratos no estilo três por quatro enfileirados dos dois lados da plataforma.
O autor pegou amigos de faculdade de origem japonesa, como a arquiteta Margareth Nishiyama, e também descendente de índios como Baixo Ribeiro, criador da galeria de arte Choque Cultural. "São pessoas desconhecidas, mas cada um tem sua identidade", diz Margareth, que no começo se assustou com o tamanho da imagem.
Um dos mais entusiasmados com o trabalho é Alex Sandro de Sousa, segurança da galeria Prestes Maia. Quando foi fotografado, aos 22 anos, não tinha a menor idéia do que seria feito com as imagens. Hoje é famoso no bairro. "É legal que o tempo vai passando, eu vou ficar velho e a foto continua lá", alegra-se.

Relatos
Na foto exposta na estação, Alex tem a cara fechada e veste um terno e gravata preta. De família mineira, nasceu em São Paulo e mora com a mãe no bairro do Butantã. Na época das fotos, era vigia no Masp ao mesmo tempo em que se esforçava para completar o ensino médio. O convite para participar da obra partiu de Luiz Hossaka, curador chefe do Masp.
"Olha, faz uma cara bem de foto três por quatro." Foi a recomendação de Alex Flemming para a amiga de faculdade quando ela aceitou participar do projeto. Margareth não sabia muito bem para que serviria aquele retrato. A princípio, imaginou que seria um mosaico multicultural.
"A primeira impressão foi um choque: o impacto visual. Mas, no final, quando a gente se acostuma, a imagem fica diluída no projeto", afirma.
Ela se orgulha de compor o mural envidraçado da estação. Guarda no celular uma foto com os filhos bem em frente ao seu retrato gigante.


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