São Paulo, domingo, 13 de julho de 2008

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Fumante, analista sofre infarto na véspera de seu aniversário de 33 anos

DA REPORTAGEM LOCAL

"Eu fumava um maço e meio de cigarro por dia, bebia, adorava comida gordurosa, não fazia exercícios físicos, era estressado. Tinha tudo para ter um infarto, menos idade."
O relato do analista de sistema Raphael Mollo Neto tem um tom quase de saudade. Ainda se recuperando do infarto que sofreu no mês passado, na véspera de completar 33 anos, ele não nega que está sendo difícil se adaptar a uma vida sem cigarro e longe das baladas.
"Fisicamente estou melhor, mas psicologicamente está difícil. A sensação é que perdi minha liberdade. É uma despedida sem volta", diz. Desde o infarto, ele emagreceu seis quilos.

"Presente"
No dia 3 de junho, enquanto trabalhava, Mollo Neto sentiu uma forte dor no peito que irradiava para o braço. Foi ao ambulatório da empresa e, de lá, encaminhado a um hospital. "Disseram que era estresse e me dispensaram."
No dia seguinte, seu aniversário, a dor continuava e ele foi levado ao Hospital do Coração, onde um cateterismo apontou o infarto. "Ganhei de presente uma angioplastia [procedimento que abre as artérias bloqueadas] e um stent [pequena "rede" que impede a artéria de se obstruir novamente]. Não acreditava que aquilo estava acontecendo comigo. Eu, aos 33 anos, infartado?"
Mollo Neto conta que, entre os amigos, o susto foi geral. "Mas eles não tiveram que mudar muito porque já tinham um estilo de vida mais saudável do que o meu", afirma ele, que começou a fumar aos 15 anos.
O caso do analista exemplifica bem algumas características do infarto em jovens. Uma delas são as seqüelas psicológicas que sobram do episódio, explica o médico Marcelo Ferraz Sampaio, do Dante Pazzanese.
"É um baque muito grande. Imagina um jovem que adora baladas e de repente se vê com cateterismo, internado na UTI, tomando remédios e fazendo uma série de exames. Depois disso, ele passa a ter medo de sair, qualquer dor no peito vai ao médico."
A outra constatação, relata Sampaio, é que o infarto pode passar despercebido pelas equipes médicas de hospitais não-especializados, que não imaginam ver um jovem infartando. (CC)


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