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TRÁFICO
Caça ao traficante Elias Pereira da Silva deixa captura do principal chefe do crime organizado em segundo plano no Rio
Na busca por Maluco, polícia esquece Linho
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
Ao priorizar a captura do traficante Elias Pereira da Silva, 36, o
Elias Maluco, a polícia deixou de
lado a busca a Paulo César Silva
dos Santos, 30, o Linho, considerado pelo próprio secretário estadual de Segurança Pública, Roberto Aguiar, como o mais poderoso chefe de quadrilha do Rio.
Dois meses e dez dias depois da
morte do jornalista Tim Lopes,
tanto Elias Maluco quanto Linho
continuam soltos. Nesse período,
as investigações sobre a quadrilha
de Linho, que lidera a facção criminosa TC (Terceiro Comando),
se restringem a delegacias de bairro, enquanto as unidades policiais
especializadas priorizam a captura de Elias Maluco, principal nome do CV (Comando Vermelho).
Embora a recompensa para
quem der informações que resultem na prisão dos dois criminosos
seja a mesma, R$ 50 mil, a chefe de
investigações da DRE (Divisão de
Entorpecentes) da Polícia Civil,
Marina Maggessi, diz que Linho é
muito "mais forte" do que Elias
Maluco. "É matuto" [fornecedor
de drogas" e compra cocaína e
maconha direto dos produtores
(Paraguai, Bolívia e Peru).
Linho domina 13 das 15 favelas
do complexo da Maré (zona norte). Levantamento da DRE mostra que elas movimentam R$ 1,34
milhão por mês com a venda de
drogas. "Elias Maluco segue ordens do Marcinho VP [Márcio
Nepomuceno, preso em Bangu 1".
Linho é chefe e tem mais dinheiro", disse a policial.
Desde que o jornalista Tim Lopes foi morto, em 2 de junho, a
polícia só fez uma operação objetiva (fruto de investigação) para
prender Linho. A ação ocorreu na
última quinta-feira, quando se
descobriu uma central telefônica
usada pelo criminoso. Linho estaria no local, mas conseguiu fugir.
No período, ocorreram cerca de
20 operações para prender Elias
Maluco no complexo do Alemão
(zona norte) e fora do Rio, em Estados como a Paraíba.
Desde a morte de Lopes, só um
membro da quadrilha de Linho
foi preso: Carlos Alberto Lima da
Silva, o Pão, que gerenciava o tráfico na Pedreira, no dia 6 de julho.
Durante o período, a polícia
capturou 30 supostos aliados de
Elias Maluco. Ricardo Victor dos
Santos, o Cuco, foi morto na
quinta-feira por policiais. Segundo Marina, ele era o substituto natural de Elias Maluco no CV.
Os principais auxiliares de Linho continuam foragidos, como
Robson André da Silva, o Robinho Pinga, que domina o tráfico
em favelas da zona oeste, Irapuan
David Lopes, o Gangan, que controla os morros de São Carlos e da
Coroa (zona central), e da Serrinha (zona norte), e Romildo Souza da Costa, o Miltinho do Dendê.
O delegado da DRFA (Delegacia
de Repressão a Roubos e Furtos
de Automóveis) Cláudio Góis
afirmou que a polícia não dispõe
de efetivo para procurar os dois
criminosos ao mesmo tempo.
"Era preciso priorizar. A meta
agora é o Elias Maluco."
Nos primeiros dois meses da
gestão da governadora Benedita
da Silva (PT), iniciada em abril, a
prioridade da polícia foi desarticular a aliança entre as facções
ADA (Amigo dos Amigos) e TC.
A Operação Camisa Preta, que
envolveu a Polícia Federal, prendeu 17 integrantes do bando de
Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê,
um dos líderes da ADA e preso há
seis anos no presídio Bangu 1.
As prisões mais importantes
que ocorreram foram as de Wanderley Soares, o Orelha, e Carlos
Roberto da Silva, o Robertinho do
Adeus, cunhados de Uê e responsáveis pelos contatos internacionais da quadrilha.
Após a morte de Lopes, só uma
grande operação foi feita para
tentar prender membros da ADA.
A ação ocorreu no dia 18 de julho
no morro do Adeus (zona norte) e
reuniu 50 policiais civis, militares,
federais e rodoviários, que procuravam Ruberlândia Matias.
Apontada como fornecedora de
armas e drogas para Uê, ela não
foi encontrada.
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