São Paulo, terça-feira, 13 de agosto de 2002

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USP

Professores tentaram reiniciar o trabalho, mas estudantes da FFLCH fizeram batucada e deixaram a faculdade sem energia elétrica

Alunos impedem a retomada das aulas

DA REPORTAGEM LOCAL

Professores da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP) tentaram dar aulas ontem à noite nos cursos de filosofia e ciências sociais, mas foram impedidos por alunos que fizeram barulho na porta das salas e deixaram a faculdade sem luz.
Apitos, cornetas, gaitas e tamborins foram utilizados por estudantes para fazer uma batucada. Dentro das salas, alunos que defendem o fim da greve insistiam em assistir às aulas e se recusavam a sair. Os colegas do lado de fora, no entanto, abriam as portas, sambando, e gritavam "a greve continua". Houve bate-boca entre os estudantes.
"É um direito nosso assistir à aula", disse a estudante Aline Alexandrino, 22, que estava dentro de uma das salas. "Só queremos que os alunos sigam o que foi decidido na assembléia", afirmou o aluno de sociais Marcio Azevedo, 21, do lado de fora, referindo-se à assembléia do dia 7 de agosto.
Ontem era o dia marcado pela Congregação da FFLCH para a retomada do semestre letivo após 103 dias de greve. A decisão foi tomada um dia depois da assembléia dos estudantes.
Havia um acordo entre alunos e professores: ontem, as atividades seriam divididas entre discussões sobre o cronograma de reposição e uma plenária com professores e alunos, para informes sobre a greve. Alguns professores, no entanto, retomaram as aulas.
Outros professores prometem retomar de vez as aulas a partir de quarta-feira. Ontem, a presença foi de cerca de um terço das turmas. "Se houver alunos na quarta, vou dar aula. Não é meu interesse prejudicar quem está lutando por uma reivindicação justa, mas os alunos precisam entender que o reinício das aulas é inevitável", disse Flávio Wolf De Aguiar, professor de literatura brasileira.
De manhã, o esforço dos professores foi para convencer os alunos a encerrarem a greve.
Os alunos de filosofia e ciências sociais já haviam se posicionado a favor do fim da greve na semana passada. Os de letras, história e geografia estão mais determinados a manter a greve. "Os professores poderiam ter ajudado os estudantes a construir o fim da greve, mas, em vez disso, agiram na surdina", disse Mônica Gama, aluna de letras. Ontem de manhã, alunos de letras fizeram piquete para impedir o acesso ao prédio da unidade, mas cederam.
A principal reivindicação dos alunos é a contratação de 259 professores para a FFLCH, que tem a pior relação aluno/professor da USP -35 para 1, quando a média da universidade é de 14 para 1. A reitoria ofereceu 92 docentes.


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