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USP
Professores tentaram reiniciar o trabalho, mas estudantes da FFLCH fizeram batucada e deixaram a faculdade sem energia elétrica
Alunos impedem a retomada das aulas
DA REPORTAGEM LOCAL
Professores da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo
(FFLCH-USP) tentaram dar aulas
ontem à noite nos cursos de filosofia e ciências sociais, mas foram
impedidos por alunos que fizeram barulho na porta das salas e
deixaram a faculdade sem luz.
Apitos, cornetas, gaitas e tamborins foram utilizados por estudantes para fazer uma batucada.
Dentro das salas, alunos que defendem o fim da greve insistiam
em assistir às aulas e se recusavam
a sair. Os colegas do lado de fora,
no entanto, abriam as portas,
sambando, e gritavam "a greve
continua". Houve bate-boca entre
os estudantes.
"É um direito nosso assistir à
aula", disse a estudante Aline Alexandrino, 22, que estava dentro
de uma das salas. "Só queremos
que os alunos sigam o que foi decidido na assembléia", afirmou o
aluno de sociais Marcio Azevedo,
21, do lado de fora, referindo-se à
assembléia do dia 7 de agosto.
Ontem era o dia marcado pela
Congregação da FFLCH para a retomada do semestre letivo após
103 dias de greve. A decisão foi tomada um dia depois da assembléia dos estudantes.
Havia um acordo entre alunos e
professores: ontem, as atividades
seriam divididas entre discussões
sobre o cronograma de reposição
e uma plenária com professores e
alunos, para informes sobre a greve. Alguns professores, no entanto, retomaram as aulas.
Outros professores prometem
retomar de vez as aulas a partir de
quarta-feira. Ontem, a presença
foi de cerca de um terço das turmas. "Se houver alunos na quarta,
vou dar aula. Não é meu interesse
prejudicar quem está lutando por
uma reivindicação justa, mas os
alunos precisam entender que o
reinício das aulas é inevitável",
disse Flávio Wolf De Aguiar, professor de literatura brasileira.
De manhã, o esforço dos professores foi para convencer os alunos
a encerrarem a greve.
Os alunos de filosofia e ciências
sociais já haviam se posicionado a
favor do fim da greve na semana
passada. Os de letras, história e
geografia estão mais determinados a manter a greve. "Os professores poderiam ter ajudado os estudantes a construir o fim da greve, mas, em vez disso, agiram na
surdina", disse Mônica Gama,
aluna de letras. Ontem de manhã,
alunos de letras fizeram piquete
para impedir o acesso ao prédio
da unidade, mas cederam.
A principal reivindicação dos
alunos é a contratação de 259 professores para a FFLCH, que tem a
pior relação aluno/professor da
USP -35 para 1, quando a média
da universidade é de 14 para 1. A
reitoria ofereceu 92 docentes.
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