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São Paulo, quarta-feira, 13 de agosto de 2003

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PATRIMÔNIO

Hotel mais famoso do país aguarda autorização para construir anexo projetado por Niemeyer

Copacabana Palace conta 80 anos de história

Ana Carolina Fernandes/Folha Imagem
Fachada iluminada


FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

"Se estas paredes (tetos, cadeiras, camas) falassem, quantas coisas maravilhosas e terríveis contariam." Registrada pelo escritor peruano Mario Vargas Llosa no livro de ouro do Copacabana Palace, talvez essa seja a melhor síntese da história do hotel, que comemora 80 anos.
Mas, se as paredes não falam, cada um que passa pelo Copa, funcionário ou hóspede, conta um pedaço da história do hotel, de frente para o mar de Copacabana (zona sul do Rio).
Boa parte das memórias é contada por Jorge Guinle, 87. Ele tinha sete anos quando o Copacabana Palace foi inaugurado por seu tio, o empresário Octávio Guinle, em agosto de 1923. Mais tarde, Jorginho Guinle, como ficou conhecido, seria figura-chave da história do hotel quando, já um playboy internacional, ajudaria a fazer do Copa destino de estrelas de Hollywood.
Da passagem de Marlene Dietrich pelo Copa, em 59, ficou um episódio famoso, contado pelo jornalista Ricardo Boechat no livro "Copacabana Palace -um Hotel e sua História": antes de entrar em cena para cantar, Dietrich pediu um balde de champanhe com areia. E explicou: o vestido longo e colante impedia que ela descesse 20 degraus para fazer "um pipi burguês".
O "chef concierge" Roberto Estrella, 32, há dez no Copa, também tem suas memórias. É a equipe dele que atende os pedidos dos hóspedes. O mais esdrúxulo foi feito por um russo que sonhava, em seu aniversário, servir champanhe para as prostitutas da avenida Atlântica. Estrella atendeu ao pedido, enquanto o hóspede e sua mulher assistiam a tudo do carro.
Em 1989, o Copacabana Palace, em crise, foi vendido pelos Guinle ao grupo Orient-Express Hotel por US$ 25 milhões. Sofreu reformas e hoje é avaliado em US$ 80 milhões, segundo seu serviço de relações públicas.
A nova direção encomendou ao arquiteto Oscar Niemeyer um projeto para construir um novo anexo e mudar a fachada dos fundos. A idéia é fazer uma fachada moderna, em vidro, na qual seria mantida, intacta, a entrada do teatro do hotel. Segundo a assessoria do hotel, ainda falta a aprovação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, já que o prédio é tombado.


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