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SEXTA-FEIRA, 13
A personagem Liz Vamp, interpretada pela filha do Zé do Caixão, receberá doadores hoje no Hospital das Clínicas
"Vampiros" incentivam doação de sangue
DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Acostumados a sugar o pescoço
dos humanos desde que o mundo
é mundo, os vampiros entraram
na onda do politicamente correto,
fizeram lobby na Câmara Municipal e instituíram o dia 13 de agosto
como o Dia dos Vampiros, em
São Paulo. O objetivo: incentivar
as pessoas a doar sangue.
A iniciativa partiu de Mariliz
Marins, 32, filha do cineasta José
Mojica Marins, e criadora da personagem Liz Vamp, a herdeira legítima de Zé do Caixão. Hoje,
quem aparecer na fundação Pró-Sangue, posto Clínicas, para fazer
a doação, receberá da moça de
1,80 m, seios fartos e longos cabelos negros, um gibi sobre a origem
da personagem de Mariliz.
As bandeiras do projeto, aprovado em setembro passado pelo
vereador José Laurindo (PT), incluem o incentivo às artes e "a luta
contra rótulos e preconceitos de
todos os tipos, que fazem com que
as pessoas sejam discriminadas
pela sua aparência física ou pela
roupa que trajam".
Iniciada no teatro pela mãe, Maria Prado, e no cinema pelo pai,
desde os primeiros anos de vida,
Mariliz acabou seguindo o caminho natural de sua linhagem e
tem tentado fazer de Liz Vamp
uma personagem multimídia. Já
gravou música, videoclipe, prepara um filme e foi até convidada
para apresentar os prêmios de um
festival de cine de terror em San
Sebástian, Espanha, como "a segunda geração de Zé do Caixão".
"Quando era criança tudo o que
eu queria era ser normal. Os amigos achavam que a gente dormia
em caixões e só comia coisas estranhas. Na adolescência, passei a
curtir a diferença", lembra.
Na época em que lançou seu
primeiro livro de poesias, em
1990, costumava ser apresentada
como "a filha do Zé do Caixão que
escreveu um livro de poesias".
Quando vestia branco, conta, ninguém prestava atenção. Como
não conseguia se livrar do estigma, Mariliz concluiu: "Se é isso o
que eles querem, então que Liz
Vamp seja a filha do Zé do Caixão.
Eu, Mariliz, continuo sendo a filha do Mojica".
Origem
Conta a história (em quadrinhos) que, em 1972, Zé do Caixão
estava em uma de suas tantas viagens pelo mundo, quando conheceu a cigana Beth Hart, em um
povoado de Zaragoza. Encantado
com a beleza da moça, Zé concluiu que havia enfim encontrado
o que tanto buscara: a mulher que
geraria o seu filho perfeito.
O único porém é que a tal mulher, que fugiu de Zé naquela mesma noite, era uma vampira.
"Papai nunca acreditou em
vampiros. Dizia que era coisa de
gringo. Agora ele vai ter de se virar para sair dessa", diverte-se.
Sentindo na pele o mesmo dilema de Mojica, que não raro é confundido com a sua própria criação, Mariliz conta que tem recebido cartas de fãs que não conseguem separá-la da personagem.
"Tem um pessoal que viaja mesmo. Noventa por cento dos que
me procuram acham mesmo que
eu seja vampira. Até aí tudo bem,
desde que eles não me esperem na
esquina com uma estaca de madeira na mão."
FUNDAÇÃO PRÓ-SANGUE DE SÃO
PAULO. Onde: Posto Clínicas (av. Dr.
Enéas Carvalho Aguiar, 155, 1º andar,
Pinheiros). Quando: hoje, das 7h às 19h.
Informações: www.vampira.com.br.
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