São Paulo, sexta-feira, 13 de agosto de 2004

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SEXTA-FEIRA, 13

A personagem Liz Vamp, interpretada pela filha do Zé do Caixão, receberá doadores hoje no Hospital das Clínicas

"Vampiros" incentivam doação de sangue

DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Acostumados a sugar o pescoço dos humanos desde que o mundo é mundo, os vampiros entraram na onda do politicamente correto, fizeram lobby na Câmara Municipal e instituíram o dia 13 de agosto como o Dia dos Vampiros, em São Paulo. O objetivo: incentivar as pessoas a doar sangue.
A iniciativa partiu de Mariliz Marins, 32, filha do cineasta José Mojica Marins, e criadora da personagem Liz Vamp, a herdeira legítima de Zé do Caixão. Hoje, quem aparecer na fundação Pró-Sangue, posto Clínicas, para fazer a doação, receberá da moça de 1,80 m, seios fartos e longos cabelos negros, um gibi sobre a origem da personagem de Mariliz.
As bandeiras do projeto, aprovado em setembro passado pelo vereador José Laurindo (PT), incluem o incentivo às artes e "a luta contra rótulos e preconceitos de todos os tipos, que fazem com que as pessoas sejam discriminadas pela sua aparência física ou pela roupa que trajam".
Iniciada no teatro pela mãe, Maria Prado, e no cinema pelo pai, desde os primeiros anos de vida, Mariliz acabou seguindo o caminho natural de sua linhagem e tem tentado fazer de Liz Vamp uma personagem multimídia. Já gravou música, videoclipe, prepara um filme e foi até convidada para apresentar os prêmios de um festival de cine de terror em San Sebástian, Espanha, como "a segunda geração de Zé do Caixão".
"Quando era criança tudo o que eu queria era ser normal. Os amigos achavam que a gente dormia em caixões e só comia coisas estranhas. Na adolescência, passei a curtir a diferença", lembra.
Na época em que lançou seu primeiro livro de poesias, em 1990, costumava ser apresentada como "a filha do Zé do Caixão que escreveu um livro de poesias". Quando vestia branco, conta, ninguém prestava atenção. Como não conseguia se livrar do estigma, Mariliz concluiu: "Se é isso o que eles querem, então que Liz Vamp seja a filha do Zé do Caixão. Eu, Mariliz, continuo sendo a filha do Mojica".

Origem
Conta a história (em quadrinhos) que, em 1972, Zé do Caixão estava em uma de suas tantas viagens pelo mundo, quando conheceu a cigana Beth Hart, em um povoado de Zaragoza. Encantado com a beleza da moça, Zé concluiu que havia enfim encontrado o que tanto buscara: a mulher que geraria o seu filho perfeito.
O único porém é que a tal mulher, que fugiu de Zé naquela mesma noite, era uma vampira.
"Papai nunca acreditou em vampiros. Dizia que era coisa de gringo. Agora ele vai ter de se virar para sair dessa", diverte-se.
Sentindo na pele o mesmo dilema de Mojica, que não raro é confundido com a sua própria criação, Mariliz conta que tem recebido cartas de fãs que não conseguem separá-la da personagem. "Tem um pessoal que viaja mesmo. Noventa por cento dos que me procuram acham mesmo que eu seja vampira. Até aí tudo bem, desde que eles não me esperem na esquina com uma estaca de madeira na mão."


FUNDAÇÃO PRÓ-SANGUE DE SÃO PAULO. Onde: Posto Clínicas (av. Dr. Enéas Carvalho Aguiar, 155, 1º andar, Pinheiros). Quando: hoje, das 7h às 19h. Informações: www.vampira.com.br.


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