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Kassab reduz serviços de limpeza de rua
Prefeito determinou corte de 20% no valor dos contratos; orçamento destinado às obras viárias e de canalização será reduzido em 70%
Promessas de campanha, como não aumentar a tarifa de ônibus e construir mais AMAs, não serão afetadas pelas medidas anunciadas
Moacyr Lopes Junior/Folha Imagem
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Sarjeta lotada de bitucas na praça da República, região central de São Paulo; jogar cigarro na calçada pode render multa de R$ 500
CATIA SEABRA
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Em tempos de lei antifumo,
que encheu calçadas de bitucas
de cigarro, e às vésperas da
temporada de chuvas, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), determinou um
corte de 20% nas verbas para a
retirada de entulho e a varrição
das ruas da cidade.
A medida representa redução de R$ 58,4 milhões na previsão de gastos com coleta de
resíduos (R$ 31,56 milhões) e
varrição (R$ 260,3 milhões).
Além da limpeza urbana,
houve uma redução de 70% do
orçamento para obras viárias e
de canalização. Como o volume
de recursos caiu de R$ 300 milhões para R$ 100 milhões,
obras com início previsto para
este ano ficam para 2010.
Kassab optou por reduzir a
despesa com a varrição para
manter promessas de campanha eleitoral, como o congelamento da tarifa de ônibus, o
que está exigindo gastos cada
vez maiores com os subsídios
às empresas. Segundo ele, foi
necessário um aporte de R$
600 milhões em subsídios.
Em 2008, a prefeitura estimava em R$ 29 bilhões a receita deste ano. Com a iminência
da crise, reduziu a expectativa
para R$ 27,5 bilhões. "Agora, a
gente fica contente se chegarmos a uma arrecadação R$ 24
bilhões. Estamos fazendo isso
[revendo o orçamento] para
terminar o ano com a prefeitura bem", disse Kassab.
A prefeitura vem sofrendo
com a crise porque, apesar dos
indícios da retomada da economia, a queda da arrecadação
ainda não se reverteu, o que deve ocorrer nos próximos meses.
Segundo o próprio prefeito, a
decisão exigirá redução das
equipes de limpeza nas ruas.
Como as empresas contratadas
atuam segundo planilha de serviços apresentada pelas subprefeituras, o corte não requer
revisão de contratos. Só das
planilhas mensais do serviço.
Ainda segundo o prefeito, todas as secretarias foram alvo de
corte. Apenas saúde e educação
foram preservadas.
"É melhor cortar dinheiro de
varrição, de empreiteira, do
que de educação e saúde. Não
vai acabar a varrição. Vai reduzir o número de equipes. Na Secretaria de Infraestrutura e
Obras, vai paralisar obras. Ou
não começar. Habitação, da
mesma maneira. Tudo muito
importante. Mas, infelizmente,
tivemos uma queda na arrecadação e não podemos quebrar a
prefeitura", disse. E insistiu:
"Só falta alguém achar correto cortar saúde e educação para
manter varrição e obra".
O corte na verba da varrição
consolida uma crise que vem
desde janeiro, quando garis pararam na zona norte por atraso
nos salários. Entre abril e maio,
uma nova crise pontual, quando cerca de 20% dos funcionários de varrição da região central pararam alegando que haviam sido contratados para outros serviços, e não como garis.
O problema no centro continua, disse o secretário Andrea
Matarazzo (Subprefeituras) à
rádio CBN. Ele confirmou que
a varrição do centro foi reduzida há 40 dias. "No centro, tivemos uma pequena redução [da
limpeza] em função de ajustes
que tivemos de fazer no contrato. Varre-se algumas vezes menos alguns lugares, é quase imperceptível, mas alguma pequena diferença poderá ser notada em alguns lugares."
Como os contratos envolvem
varrição e serviços complementares -remoção de entulho e grandes objetos, capinação, lavagem de escadarias e
monumentos e pinturas de
guias-, esses serviços devem
sofrer os efeitos do corte.
O presidente do sindicato das
empresas de limpeza urbana,
Ariovaldo Caodaglio, diz que
demissões serão inevitáveis.
"Os preços pagos pela varrição,
no nosso entendimento, nem
cobrem os custos."
"O serviço, que já está muito
ruim, vai piorar. Não dá para fazer o mesmo com menos equipes", diz José Moacyr Malvino
Pereira, presidente do Siemaco
(sindicato de trabalhadores na
limpeza pública).
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