São Paulo, sexta-feira, 13 de agosto de 2010

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Moradores de Higienópolis se mobilizam contra estação de metrô

Grupo iniciou movimento no bairro central para impedir a construção da estação Angélica

Em abaixo-assinado, associação alega que já há outras estações perto e que a obra deveria ser na praça Charles Miller

JAMES CIMINO
DE SÃO PAULO

Um grupo de moradores de Higienópolis (bairro nobre da região central de SP) iniciou um movimento com o objetivo de impedir a construção da estação Angélica da futura Linha 6 - Laranja do metrô.
A nova estação deve ocupar o espaço onde hoje há o supermercado Pão de Açúcar, na esquina da av. Angélica com a rua Sergipe. A obra prevê desapropriações. Abaixo-assinado elaborado pela Associação Defenda Higienópolis e espalhado por diversos condomínios da região contesta o projeto.
A principal alegação é a de que, num raio de 600 metros do local, já existem mais quatro estações e que a construção deveria ser feita na praça Charles Miller, para atender aos estudantes da Faap e aos frequentadores do estádio do Pacaembu.
No mesmo documento, os moradores manifestam a preocupação de que a obra aumente o fluxo de pessoas na região "especialmente em dias de jogos e shows" e de "ocorrências indesejáveis".
Outro receio, diz o documento, é que a estação vire um atrativo para camelôs.
Para o engenheiro civil Mario Carvalho, síndico do edifício Palmares e um dos criadores do manifesto, a contrariedade à obra é de natureza técnica.
"Eu não sou contra o metrô passar pelo bairro. Mas essa estação fica a menos de um quilômetro da estação Higienópolis. A proximidade inclusive aumenta custos de manutenção dos trens devido ao arranque e à frenagem em curto espaço de tempo."
Carvalho critica ainda o slogan proposto pelo Metrô à nova linha. "Eles chamam essa linha de "universitária", mas ela passa pela PUC, pelo Mackenzie, mas não passa pela Faap. A estação tinha que ser no Pacaembu."

"GENTE DIFERENCIADA"
Enquanto escolhe produtos na tradicional Bacco's Vinhos da rua Sergipe, cujo imóvel pode ser desapropriado pelo Metrô, a psicóloga Guiomar Ferreira, 55, que trabalha e mora no bairro há 25 anos, diz ser contrária à obra.
"Eu não uso metrô e não usaria. Isso vai acabar com a tradição do bairro. Você já viu o tipo de gente que fica ao redor das estações do metrô? Drogados, mendigos, uma gente diferenciada..."
A engenheira civil Liana Fernandes, 55, cuja filha mora no bairro, retruca a psicóloga: "Pois eu acho ótimo. Mais ônibus e mais metrô significam menos carros e valoriza os imóveis."
Com um bilhete único na mão, a publicitária Isadora Abrantes, 24, diz que a região precisa de transporte. "As pessoas contrárias à obra são antigas e conservadoras. As torcidas já passam por aqui sem metrô. A única coisa que sou contra é desapropriar o Pão de Açúcar. Tinha que desapropriar o McDonald's."
Para Cássia Fellet, ex-presidente da Associação de Moradores e Amigos do Pacaembu, Perdizes e Higienópolis, as críticas à futura estação não são consenso no bairro.
"É um grupo pequeno de pessoas que podem ser desapropriadas. Elas não têm representatividade", diz. E mesmo solidária aos vizinhos, Fellet diz que o interesse público deve ser prioridade: "Higienópolis precisa do metrô e São Paulo precisa de transporte público".


Colaborou RICARDO WESTIN


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