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Moradores de Higienópolis se mobilizam contra estação de metrô
Grupo iniciou movimento no bairro central para impedir a construção da estação Angélica
Em abaixo-assinado, associação alega que já há outras estações perto e que a obra deveria ser na praça Charles Miller
JAMES CIMINO
DE SÃO PAULO
Um grupo de moradores
de Higienópolis (bairro nobre da região central de SP)
iniciou um movimento com o
objetivo de impedir a construção da estação Angélica
da futura Linha 6 - Laranja do
metrô.
A nova estação deve ocupar o espaço onde hoje há o
supermercado Pão de Açúcar, na esquina da av. Angélica com a rua Sergipe. A obra
prevê desapropriações.
Abaixo-assinado elaborado pela Associação Defenda
Higienópolis e espalhado por
diversos condomínios da região contesta o projeto.
A principal alegação é a de
que, num raio de 600 metros
do local, já existem mais quatro estações e que a construção deveria ser feita na praça
Charles Miller, para atender
aos estudantes da Faap e aos
frequentadores do estádio do
Pacaembu.
No mesmo documento, os
moradores manifestam a
preocupação de que a obra
aumente o fluxo de pessoas
na região "especialmente em
dias de jogos e shows" e de
"ocorrências indesejáveis".
Outro receio, diz o documento, é que a estação vire
um atrativo para camelôs.
Para o engenheiro civil
Mario Carvalho, síndico do
edifício Palmares e um dos
criadores do manifesto, a
contrariedade à obra é de natureza técnica.
"Eu não sou contra o metrô passar pelo bairro. Mas
essa estação fica a menos de
um quilômetro da estação
Higienópolis. A proximidade
inclusive aumenta custos de
manutenção dos trens devido ao arranque e à frenagem
em curto espaço de tempo."
Carvalho critica ainda o
slogan proposto pelo Metrô à
nova linha. "Eles chamam
essa linha de "universitária",
mas ela passa pela PUC, pelo
Mackenzie, mas não passa
pela Faap. A estação tinha
que ser no Pacaembu."
"GENTE DIFERENCIADA"
Enquanto escolhe produtos na tradicional Bacco's Vinhos da rua Sergipe, cujo
imóvel pode ser desapropriado pelo Metrô, a psicóloga
Guiomar Ferreira, 55, que trabalha e mora no bairro há 25
anos, diz ser contrária à obra.
"Eu não uso metrô e não
usaria. Isso vai acabar com a
tradição do bairro. Você já
viu o tipo de gente que fica ao
redor das estações do metrô?
Drogados, mendigos, uma
gente diferenciada..."
A engenheira civil Liana
Fernandes, 55, cuja filha mora no bairro, retruca a psicóloga: "Pois eu acho ótimo.
Mais ônibus e mais metrô significam menos carros e valoriza os imóveis."
Com um bilhete único na
mão, a publicitária Isadora
Abrantes, 24, diz que a região
precisa de transporte. "As
pessoas contrárias à obra são
antigas e conservadoras. As
torcidas já passam por aqui
sem metrô. A única coisa que
sou contra é desapropriar o
Pão de Açúcar. Tinha que desapropriar o McDonald's."
Para Cássia Fellet, ex-presidente da Associação de Moradores e Amigos do Pacaembu, Perdizes e Higienópolis,
as críticas à futura estação
não são consenso no bairro.
"É um grupo pequeno de
pessoas que podem ser desapropriadas. Elas não têm representatividade", diz.
E mesmo solidária aos vizinhos, Fellet diz que o interesse público deve ser prioridade: "Higienópolis precisa do
metrô e São Paulo precisa de
transporte público".
Colaborou RICARDO WESTIN
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