São Paulo, sexta-feira, 13 de agosto de 2010

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JACQUES MARIE EDME VIELLIARD
(1944 - 2010)


Buscava o canto dos pássaros

FELIPE CARUSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Os pássaros que voavam sobre o quintal da residência de verão da família de Jacques Marie Edme Vielliard eram diferentes dos que ele via em sua casa em Paris.
Curioso com a diversidade de espécies, aos 11, foi estudar aves num museu de história natural. Aos 14, partiu sozinho como ornitólogo para a primeira expedição internacional na Holanda.
Quatro anos após, escreveu um relatório que orientou a criação do primeiro parque nacional da Espanha.
A pesquisa sobre uma ave migratória da Ásia ocidental que cruza desertos e montanhas para passar o inverno no litoral baseou o doutorado na Sorbonne, em 71.
Editou um guia sonoro das aves do oeste e do norte da África. Viajou para mais de 50 países. Não conhecia o Brasil em 73, quando foi convidado pela Academia Brasileira de Ciências.
Organizou expedições para o Nordeste e, em 78, mudou-se para Campinas, para criar um laboratório na Unicamp. Trouxe a mulher, a húngara Ildiko, mãe de seus quatro filhos. Separaram-se sete anos depois.
Em 92, conheceu a professora Maria Luiza, com quem foi morar em Belém em 2003.
Gravou mais de 30 mil sons de aves, considerado o quinto maior acervo do mundo. Descreveu duas espécies novas de pássaros do Brasil.
Invejava a liberdade do voo altivo dos andorinhões e apreciava o pairar do beija-flor. Gostava de ópera e de voar seu pequeno avião.
Morreu na segunda, aos 65, em Belém, após uma cirurgia nos rins. Deixa mulher e quatro filhos. A missa de sétimo dia não foi marcada.

coluna.obituario@uol.com.br


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