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JACQUES MARIE EDME VIELLIARD
(1944 - 2010)
Buscava o canto dos pássaros
FELIPE CARUSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Os pássaros que voavam
sobre o quintal da residência
de verão da família de Jacques Marie Edme Vielliard
eram diferentes dos que ele
via em sua casa em Paris.
Curioso com a diversidade
de espécies, aos 11, foi estudar aves num museu de história natural. Aos 14, partiu
sozinho como ornitólogo para a primeira expedição internacional na Holanda.
Quatro anos após, escreveu um relatório que orientou a criação do primeiro parque nacional da Espanha.
A pesquisa sobre uma ave
migratória da Ásia ocidental
que cruza desertos e montanhas para passar o inverno
no litoral baseou o doutorado na Sorbonne, em 71.
Editou um guia sonoro das
aves do oeste e do norte da
África. Viajou para mais de
50 países. Não conhecia o
Brasil em 73, quando foi convidado pela Academia Brasileira de Ciências.
Organizou expedições para o Nordeste e, em 78, mudou-se para Campinas, para
criar um laboratório na Unicamp. Trouxe a mulher, a
húngara Ildiko, mãe de seus
quatro filhos. Separaram-se
sete anos depois.
Em 92, conheceu a professora Maria Luiza, com quem
foi morar em Belém em 2003.
Gravou mais de 30 mil
sons de aves, considerado o
quinto maior acervo do mundo. Descreveu duas espécies
novas de pássaros do Brasil.
Invejava a liberdade do
voo altivo dos andorinhões e
apreciava o pairar do beija-flor. Gostava de ópera e de
voar seu pequeno avião.
Morreu na segunda, aos
65, em Belém, após uma cirurgia nos rins. Deixa mulher
e quatro filhos. A missa de sétimo dia não foi marcada.
coluna.obituario@uol.com.br
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