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TRÂNSITO SELVAGEM
Distritos centrais e próximos de rodovias concentram moradores de São Paulo que morrem em acidentes
Vítimas vivem no centro e na saída de estrada
DA REPORTAGEM LOCAL
Distritos do centro ou nas proximidades da saída de rodovias,
como Anhanguera, Bandeirantes,
Fernão Dias e Presidente Dutra,
são os endereços mais frecomuns
dos paulistanos que morrem no
trânsito.
A conclusão é resultado de mapeamento realizado por Cecilia
Polidoro, chefe da divisão de análise demográfica da Fundação
Seade, que traçou um perfil das
vítimas de acidentes de trânsito
no período de 2000 a 2002.
Áreas como Sé, Brás e Bom Retiro, na região central, Vila Guilherme e Tucuruvi, na zona norte,
chegam a ter uma proporção superior a 17 mortos por 100 mil habitantes -contra 11,6 da média
da cidade de São Paulo.
Somente entre os homens, Jaraguá, Pirituba e Jaçanã, todos na
zona norte, também estão com
índices superiores a 24 mortos
por 100 mil habitantes, comparável ao de países africanos.
Esses dados se referem ao lugar
de moradia das vítimas, e não ao
do acidente. Eles reforçam, porém, uma tendência já apontada
por especialistas de que as pessoas
costumam se acidentar nas proximidades da residência, quando
estão mais relaxadas e desatentas.
Os distritos da zona norte com
maiores índices de mortalidade,
por exemplo, estão próximos da
saída de estradas, onde as velocidades são mais altas e há deficiências de sinalização nos acessos.
"É um fenômeno de estar dormindo ao lado do inimigo. Morar
próximo de lugar perigoso é um
indutor, traz potencial maior de
acidentes", afirma Maurício Régio, da assessoria de segurança no
trânsito da CET (Companhia de
Engenharia de Tráfego).
A explicação para as vítimas
moradoras da região central, como Sé, Brás e Bom Retiro, pode
estar ligada a atropelamentos e às
dificuldades de locomoção pelas
calçadas, freqüentemente ocupadas por vendedores ambulantes.
Moradores de zonas mais valorizadas, como Perdizes, Campo
Belo, Jardim Paulista e Vila Andrade têm índices baixos de mortalidade no trânsito, inferiores a
7,5 por 100 mil habitantes. O fato
de terem carros mais novos, com
tecnologias que protegem os condutores, e de se exporem menos
como pedestres são algumas das
explicações para esses resultados.
O levantamento da Fundação
Seade também aponta que os homens morrem no trânsito em
proporções 300% maiores que as
mulheres. No sexo masculino, a
média é de 19 mortos por 100 mil
habitantes, contra 4,8 no caso do
sexo feminino.
Especialistas apontam que os
homens são mais infratores, costumam abusar mais da velocidade e também dirigir mais. (AI)
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