São Paulo, segunda-feira, 13 de setembro de 2004

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TRÂNSITO SELVAGEM

Distritos centrais e próximos de rodovias concentram moradores de São Paulo que morrem em acidentes

Vítimas vivem no centro e na saída de estrada

DA REPORTAGEM LOCAL

Distritos do centro ou nas proximidades da saída de rodovias, como Anhanguera, Bandeirantes, Fernão Dias e Presidente Dutra, são os endereços mais frecomuns dos paulistanos que morrem no trânsito.
A conclusão é resultado de mapeamento realizado por Cecilia Polidoro, chefe da divisão de análise demográfica da Fundação Seade, que traçou um perfil das vítimas de acidentes de trânsito no período de 2000 a 2002.
Áreas como Sé, Brás e Bom Retiro, na região central, Vila Guilherme e Tucuruvi, na zona norte, chegam a ter uma proporção superior a 17 mortos por 100 mil habitantes -contra 11,6 da média da cidade de São Paulo.
Somente entre os homens, Jaraguá, Pirituba e Jaçanã, todos na zona norte, também estão com índices superiores a 24 mortos por 100 mil habitantes, comparável ao de países africanos.
Esses dados se referem ao lugar de moradia das vítimas, e não ao do acidente. Eles reforçam, porém, uma tendência já apontada por especialistas de que as pessoas costumam se acidentar nas proximidades da residência, quando estão mais relaxadas e desatentas.
Os distritos da zona norte com maiores índices de mortalidade, por exemplo, estão próximos da saída de estradas, onde as velocidades são mais altas e há deficiências de sinalização nos acessos.
"É um fenômeno de estar dormindo ao lado do inimigo. Morar próximo de lugar perigoso é um indutor, traz potencial maior de acidentes", afirma Maurício Régio, da assessoria de segurança no trânsito da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).
A explicação para as vítimas moradoras da região central, como Sé, Brás e Bom Retiro, pode estar ligada a atropelamentos e às dificuldades de locomoção pelas calçadas, freqüentemente ocupadas por vendedores ambulantes.
Moradores de zonas mais valorizadas, como Perdizes, Campo Belo, Jardim Paulista e Vila Andrade têm índices baixos de mortalidade no trânsito, inferiores a 7,5 por 100 mil habitantes. O fato de terem carros mais novos, com tecnologias que protegem os condutores, e de se exporem menos como pedestres são algumas das explicações para esses resultados.
O levantamento da Fundação Seade também aponta que os homens morrem no trânsito em proporções 300% maiores que as mulheres. No sexo masculino, a média é de 19 mortos por 100 mil habitantes, contra 4,8 no caso do sexo feminino.
Especialistas apontam que os homens são mais infratores, costumam abusar mais da velocidade e também dirigir mais. (AI)

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