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A SANGUE FRIO
Acusado era conhecido de uma das 5 pessoas de origem japonesa mortas em SP; divulgado retrato falado do 2º homem
Preso suspeito de torturar e matar família
GILMAR PENTEADO
VICTOR RAMOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Civil prendeu ontem o
vigilante Ricardo Francisco dos
Santos, 26, suspeito de ser um dos
dois homens que torturaram e
mataram cinco pessoas da mesma família -de origem japonesa-, na Vila Nova Curuçá (zona
leste de São Paulo), no último final de semana.
Segundo os policiais, Santos era
próximo da família e resolveu
matar as vítimas porque foi reconhecido durante o assalto. Os dois
autores da chacina fugiram levando US$ 5.000.
A Justiça decretou a prisão temporária do vigilante por 20 dias,
atendendo a um pedido do DHPP
(Departamento de Homicídios e
de Proteção à Pessoa), responsável pela investigação. Santos foi
preso no final da tarde de ontem.
Segundo a polícia, ele se recusou a
falar sobre as acusações. Os jornalistas não puderam falar com ele.
A família teve a casa invadida
por volta das 20h de sábado. O casal de aposentados Tadashi e Futaba Yonekura, os filhos Nilton e
Fatima e mais a nora do casal, Erica Miyamoto, foram amarrados e
torturados entre a noite de sábado
e a madrugada de domingo. Os
corpos apresentavam marcas de
tiros, pancadas e queimaduras de
cigarro -três deles ainda foram
incendiados.
Willian Jun -filho do casal e
marido de Erica-, que levou
pancadas na cabeça, sobreviveu e
está internado. Ele não corre risco
de morte. O filho dele, de 11 meses, foi poupado pelos ladrões. Ele
foi encontrado, sem ferimentos,
no colo da mãe, Erica, atingida
por um tiro na cabeça.
Os ladrões queriam o dinheiro
trazido por Willian, que é decasségui (brasileiro descendente de
japoneses que mora no Japão). O
assalto ocorreu no mesmo dia em
que ele, Erica, Fatima e o bebê
chegaram do Japão para visitar a
família trazendo US$ 3.000 -o
restante foi encontrado pela casa.
Os assassinos cobriam o rosto
com camisetas. Mesmo assim,
Santos teria sido reconhecido durante a tortura (leia na pág. C3).
Os ladrões passaram a maltratar a
família exigindo mais dinheiro.
Numa conversa informal com
os policiais no hospital, Jun afirmou acreditar que os ladrões sabiam que ele tinha US$ 30 mil. Só
que a maior parte do dinheiro
-US$ 27 mil- fora repassada
via transferência bancária para o
Brasil, segundo o delegado Fábio
Rosa. Jun só carregava US$ 3.000.
De acordo com o seu relato,
após pegarem a quantia que estava em seu poder, os criminosos
passaram a repetir: "Cadê o dinheiro do banco? Cadê o dinheiro
do banco?"
Jun contou à polícia que estava
dormindo quando os ladrões invadiram a casa. Depois de amarrá-lo, eles passaram a torturar
seus familiares. Ele conta ter presenciado a irmã recebendo pancadas na cabeça e que ouviu os
gritos do irmão.
Jun disse ainda aos policiais que
recebeu três fortes pancadas na
cabeça e que por isso perdeu parcialmente a consciência. Ele acredita que os bandidos acharam que
estava morto. Mesmo semiconsciente, Jun disse ter percebido que
os homens tentaram incendiá-lo,
mas o combustível teria acabado.
Para o delegado Fábio Guedes
Rosa, do DHPP, não há dúvidas
de que o crime foi um latrocínio
(matar para roubar). O DHPP
também divulgou ontem o retrato
falado de um segundo suspeito,
que ainda não foi identificado.
O retrato falado foi feito com
base no depoimento de um vizinho que viu um dos criminosos
circulando pela casa. Ele esperou
que os assaltantes saíssem para
prestar socorro às vítimas.
De acordo com o depoimento
do vizinho, o suspeito tem em torno de 28 anos de idade, é magro e
tem cerca de 1,75 m.
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