São Paulo, terça-feira, 13 de setembro de 2005

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A SANGUE FRIO

Acusado era conhecido de uma das 5 pessoas de origem japonesa mortas em SP; divulgado retrato falado do 2º homem

Preso suspeito de torturar e matar família

GILMAR PENTEADO
VICTOR RAMOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Civil prendeu ontem o vigilante Ricardo Francisco dos Santos, 26, suspeito de ser um dos dois homens que torturaram e mataram cinco pessoas da mesma família -de origem japonesa-, na Vila Nova Curuçá (zona leste de São Paulo), no último final de semana.
Segundo os policiais, Santos era próximo da família e resolveu matar as vítimas porque foi reconhecido durante o assalto. Os dois autores da chacina fugiram levando US$ 5.000.
A Justiça decretou a prisão temporária do vigilante por 20 dias, atendendo a um pedido do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa), responsável pela investigação. Santos foi preso no final da tarde de ontem. Segundo a polícia, ele se recusou a falar sobre as acusações. Os jornalistas não puderam falar com ele.
A família teve a casa invadida por volta das 20h de sábado. O casal de aposentados Tadashi e Futaba Yonekura, os filhos Nilton e Fatima e mais a nora do casal, Erica Miyamoto, foram amarrados e torturados entre a noite de sábado e a madrugada de domingo. Os corpos apresentavam marcas de tiros, pancadas e queimaduras de cigarro -três deles ainda foram incendiados.
Willian Jun -filho do casal e marido de Erica-, que levou pancadas na cabeça, sobreviveu e está internado. Ele não corre risco de morte. O filho dele, de 11 meses, foi poupado pelos ladrões. Ele foi encontrado, sem ferimentos, no colo da mãe, Erica, atingida por um tiro na cabeça.
Os ladrões queriam o dinheiro trazido por Willian, que é decasségui (brasileiro descendente de japoneses que mora no Japão). O assalto ocorreu no mesmo dia em que ele, Erica, Fatima e o bebê chegaram do Japão para visitar a família trazendo US$ 3.000 -o restante foi encontrado pela casa.
Os assassinos cobriam o rosto com camisetas. Mesmo assim, Santos teria sido reconhecido durante a tortura (leia na pág. C3). Os ladrões passaram a maltratar a família exigindo mais dinheiro.
Numa conversa informal com os policiais no hospital, Jun afirmou acreditar que os ladrões sabiam que ele tinha US$ 30 mil. Só que a maior parte do dinheiro -US$ 27 mil- fora repassada via transferência bancária para o Brasil, segundo o delegado Fábio Rosa. Jun só carregava US$ 3.000.
De acordo com o seu relato, após pegarem a quantia que estava em seu poder, os criminosos passaram a repetir: "Cadê o dinheiro do banco? Cadê o dinheiro do banco?"
Jun contou à polícia que estava dormindo quando os ladrões invadiram a casa. Depois de amarrá-lo, eles passaram a torturar seus familiares. Ele conta ter presenciado a irmã recebendo pancadas na cabeça e que ouviu os gritos do irmão.
Jun disse ainda aos policiais que recebeu três fortes pancadas na cabeça e que por isso perdeu parcialmente a consciência. Ele acredita que os bandidos acharam que estava morto. Mesmo semiconsciente, Jun disse ter percebido que os homens tentaram incendiá-lo, mas o combustível teria acabado.
Para o delegado Fábio Guedes Rosa, do DHPP, não há dúvidas de que o crime foi um latrocínio (matar para roubar). O DHPP também divulgou ontem o retrato falado de um segundo suspeito, que ainda não foi identificado.
O retrato falado foi feito com base no depoimento de um vizinho que viu um dos criminosos circulando pela casa. Ele esperou que os assaltantes saíssem para prestar socorro às vítimas.
De acordo com o depoimento do vizinho, o suspeito tem em torno de 28 anos de idade, é magro e tem cerca de 1,75 m.


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