São Paulo, terça-feira, 13 de setembro de 2005

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A SANGUE FRIO

Patriarca da família Yonekura teria citado o nome do vigilante preso, segundo relato do sobrevivente da chacina

Suspeito foi reconhecido durante a tortura

Diego Padgurschi/Folha Imagem
Parente da família Yonekura, torturada e morta na zona leste da cidade, na casa onde o crime ocorreu


DA REPORTAGEM LOCAL

Foi o patriarca da família Yonekura quem reconheceu o vigilante Ricardo Francisco dos Santos como um dos assaltantes, segundo o pedido de prisão do suspeito feito pela polícia. O aposentado Tadashi Yonekura teria falado o nome de Santos durante a sessão de tortura à qual a família foi submetida, entre a noite de sábado e a madrugada de domingo, para dizer onde havia mais dinheiro.
O reconhecimento foi narrado pelo decasségui Willian Jun, filho de Tadashi. Willian recebeu pancadas na cabeça, mas conseguiu sobreviver. Ele disse que ouviu o pai dizer o nome do suspeito e que, depois disso, os assaltantes resolveram matar a família.
Segundo o delegado Fábio Guedes Rosa, do DHPP, responsável pela investigação, Santos era conhecido de Nilton, irmão de Willian, um dos cinco mortos.
A polícia não deu detalhes sobre o suposto relacionamento do vigilante, que não morava nas proximidades, com a família de origem japonesa.

Disfarce
Os ladrões usavam camisetas no rosto durante o assalto. Mesmo assim, Santos teria sido reconhecido. "Mesmo não vendo o rosto, você pode reconhecer uma pessoa pelo porte físico e pela voz", afirmou o delegado do DHPP.
Por isso, segundo ele, a polícia resolveu não esperar pelos resultados da perícia na casa da família. O DHPP aguarda pelos exames dos corpos feitos pelo IML (Instituto Médico Legal).
Segundo o relato de Willian Jun, a família primeiro foi agredida a pauladas pelos assaltantes. Ele e a sua irmã, Fatima, foram atingidos com pancadas na cabeça.
Nilton foi encontrado na sala da casa com um tiro na cabeça, mas também apresentava sinais de espancamento.
Enquanto Willian foi deixado na parte inferior da casa, o casal de aposentados Tadashi e Futaba Yonekura e Fatima foram levados para o andar superior.
Os assassinos fizeram uma barreira com móveis na escada que dá acesso aos quartos e atearam fogo usando álcool e tíner. Os corpos, que tinham os braços e pernas arramados com arame, ficaram carbonizados.
"Pela violência dos assassinos, ainda não sabemos se as vítimas morreram em decorrência das agressões ou do fogo. Só o exame do IML vai poder constatar isso", afirmou o delegado.
Erica Miyamoto, mulher de Willian, foi assassinada com um tiro na cabeça dentro do carro da família, que estava no quintal. O filho do casal, de 11 meses, permanecia internado ontem no hospital, mas não apresentava lesões.
(GILMAR PENTEADO)


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