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SAÚDE
Gel repõe hormônio perdido na menopausa
JAIRO BOUER
especial para a Folha
Um gel aplicado sobre a pele é a
nova forma de terapia de reposição hormonal que promete facilitar a vida das mulheres que estão
entrando na menopausa.
O gel de estradiol (um estrógeno, hormônio feminino) foi lançado no Brasil há cerca de dois meses. Já existem dois produtos diferentes no mercado. O método vem
sendo empregado, com sucesso,
na Europa há alguns anos, particularmente na França.
O produto é passado uma vez ao
dia após o banho sobre a coxa ou a
parte inferior do abdômen. A
quantidade aplicada é equivalente
à área da palma de uma mão. O
estradiol é absorvido pela pele e
vai passar para o corpo da mulher.
Antes do gel, a terapia de reposição hormonal (TRH) era feita por
meio de comprimidos, implantes
subcutâneos ou adesivos. A vantagem do gel sobre o adesivo é que
ele é mais fácil e rápido de ser aplicado e evita problemas de alergia
na pele -relativamente comuns
com o uso dos adesivos.
Segundo Salim Wehba, presidente da Sociedade Brasileira de
Ginecologia e Endocrinologia, em
um país em que a adesão à reposição hormonal é muito baixa (só
15% das mulheres brasileiras empregam hormônios), o gel pode
servir como uma alavanca para
um maior uso da reposição.
Wehba acredita que passar um
creme ou um gel na pele pode ser
encarado com maior naturalidade
pela mulher do que usar um adesivo ou tomar comprimidos diários.
Os especialistas avaliam que de
85% a 90% das mulheres que entram na menopausa se beneficiariam da reposição de hormônios
para alívio de sintomas como ondas de calor, mal-estar, irritação,
diminuição da libido, dor na relação sexual etc. Esses sintomas duram, para a maioria das mulheres,
cerca de cinco anos.
Alívio
Wehba diz que, além do alívio
dos sintomas da menopausa, a reposição hormonal protege a mulher efetivamente contra perda óssea (osteoporose), aumento dos
níveis de colesterol, maior incidência de doenças cardíacas e vasculares e doença de Alzheimer
(perda progressiva da memória).
Estima-se que a mulher que faz reposição reduz cerca de 50% o seu
risco de morrer por infarto.
Outro dado preocupante no Brasil é que de 40% a 80% das mulheres abandonam o uso da reposição
hormonal antes do fim do primeiro ano de tratamento.
Aquelas que são acompanhadas
mais de perto por um médico tendem a aderir melhor à terapia de
reposição.
Tanto a reposição com o adesivo
como com o gel deve ser complementada pelo uso da progesterona
(outro hormônio feminino). O estradiol usado isoladamente pode
levar a um maior risco de câncer
de endométrio (revestimento interno do útero).
Os comprimidos de progesterona, usados diariamente ou em ciclos de 10 a 12 dias protegem o útero. Os laboratórios prometem para breve um gel com uma progesterona que seja eficaz para a reposição.
Os campeões de venda da reposição hormonal são os comprimidos que combinam estrógenos e
progesteronas e que oferecem
maior opção para ajuste de doses e
de combinações.
Um dos principais temores das
mulheres que fazem reposição
hormonal é que o uso prolongado
de estrógenos possa levar a um
maior risco de câncer de mama
-fato que não foi comprovado de
forma clara pelas pesquisas. Por
enquanto, os médicos avaliam que
esse risco é muito baixo. A escolha
da melhor forma de reposição
hormonal vai depender das características de cada mulher e das
suas necessidades no momento.
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