São Paulo, domingo, 13 de setembro de 1998

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SAÚDE
Gel repõe hormônio perdido na menopausa

JAIRO BOUER
especial para a Folha

Um gel aplicado sobre a pele é a nova forma de terapia de reposição hormonal que promete facilitar a vida das mulheres que estão entrando na menopausa.
O gel de estradiol (um estrógeno, hormônio feminino) foi lançado no Brasil há cerca de dois meses. Já existem dois produtos diferentes no mercado. O método vem sendo empregado, com sucesso, na Europa há alguns anos, particularmente na França.
O produto é passado uma vez ao dia após o banho sobre a coxa ou a parte inferior do abdômen. A quantidade aplicada é equivalente à área da palma de uma mão. O estradiol é absorvido pela pele e vai passar para o corpo da mulher.
Antes do gel, a terapia de reposição hormonal (TRH) era feita por meio de comprimidos, implantes subcutâneos ou adesivos. A vantagem do gel sobre o adesivo é que ele é mais fácil e rápido de ser aplicado e evita problemas de alergia na pele -relativamente comuns com o uso dos adesivos.
Segundo Salim Wehba, presidente da Sociedade Brasileira de Ginecologia e Endocrinologia, em um país em que a adesão à reposição hormonal é muito baixa (só 15% das mulheres brasileiras empregam hormônios), o gel pode servir como uma alavanca para um maior uso da reposição.
Wehba acredita que passar um creme ou um gel na pele pode ser encarado com maior naturalidade pela mulher do que usar um adesivo ou tomar comprimidos diários.
Os especialistas avaliam que de 85% a 90% das mulheres que entram na menopausa se beneficiariam da reposição de hormônios para alívio de sintomas como ondas de calor, mal-estar, irritação, diminuição da libido, dor na relação sexual etc. Esses sintomas duram, para a maioria das mulheres, cerca de cinco anos.

Alívio
Wehba diz que, além do alívio dos sintomas da menopausa, a reposição hormonal protege a mulher efetivamente contra perda óssea (osteoporose), aumento dos níveis de colesterol, maior incidência de doenças cardíacas e vasculares e doença de Alzheimer (perda progressiva da memória). Estima-se que a mulher que faz reposição reduz cerca de 50% o seu risco de morrer por infarto.
Outro dado preocupante no Brasil é que de 40% a 80% das mulheres abandonam o uso da reposição hormonal antes do fim do primeiro ano de tratamento.
Aquelas que são acompanhadas mais de perto por um médico tendem a aderir melhor à terapia de reposição.
Tanto a reposição com o adesivo como com o gel deve ser complementada pelo uso da progesterona (outro hormônio feminino). O estradiol usado isoladamente pode levar a um maior risco de câncer de endométrio (revestimento interno do útero).
Os comprimidos de progesterona, usados diariamente ou em ciclos de 10 a 12 dias protegem o útero. Os laboratórios prometem para breve um gel com uma progesterona que seja eficaz para a reposição.
Os campeões de venda da reposição hormonal são os comprimidos que combinam estrógenos e progesteronas e que oferecem maior opção para ajuste de doses e de combinações.
Um dos principais temores das mulheres que fazem reposição hormonal é que o uso prolongado de estrógenos possa levar a um maior risco de câncer de mama -fato que não foi comprovado de forma clara pelas pesquisas. Por enquanto, os médicos avaliam que esse risco é muito baixo. A escolha da melhor forma de reposição hormonal vai depender das características de cada mulher e das suas necessidades no momento.



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