São Paulo, Segunda-feira, 13 de Setembro de 1999
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PRODUTIVOS
Ronaldo Sardenberg elogia pesquisa feita pela Folha
Cientistas aprovam "Ranking da Ciência"

da Redação

Pesquisadores e autoridades governamentais entrevistados ontem pela Folha elogiaram o caderno especial "Ranking da Ciência", em que foram apresentados os nomes de 494 pesquisadores das áreas de bioquímica, física, matemática e química com trabalhos de maior repercussão na comunidade científica internacional.
"O trabalho da Folha é uma excelente contribuição ao debate sobre ciência e tecnologia no Brasil", afirmou o ministro da Ciência e Tecnologia, Ronaldo Sardenberg.
"Nota-se que há uma presença respeitável da ciência brasileira no panorama internacional", disse o ministro. "Esses resultados são consequência de um investimento estável nos últimos anos".
"A listagem é uma amostragem representativa da excelência em nosso sistema de pesquisa nas áreas de física, química, matemática e bioquímica", disse José Fernando Perez, 138º na lista dos físicos, e diretor-científico da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
"O número de pesquisadores superando as marcas estipuladas para as respectivas áreas testemunha o vigoroso desenvolvimento da ciência brasileira nas últimas décadas", afirmou Perez, que considerou o levantamento da Folha "muito bem feito".
O diretor-científico da Fapesp ressaltou, porém, que a sistemática adotada no "Ranking" não consegue captar toda a excelência instalada no sistema.
"Além de praticamente excluir jovens pesquisadores, o critério de número de citações não conseguiria, por exemplo, se aplicado no de 1870 a 1905, reconhecer a importância da obra de Gregor Mendel (1822-1884), o inventor da genética, que tendo publicado seus resultados em 1865 teve sua obra praticamente ignorada até 1905", disse Perez.
Para a bioquímica Glacy Zancan, da Universidade Federal do Paraná, e presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), o aspecto mais importante do "Ranking" é que ele mostra a presença da ciência brasileira no contexto mundial.
"Essas listas conseguem mostrar diferentes gerações de pesquisadores", disse Zancan, "mas o trabalho deveria ter comparado os índices médios de impacto médio do Brasil e de outros países".
Oscar Hipólito, 41º na lista dos físicos e pró-reitor de Graduação na Uniban (Universidade Bandeirante), disse que é importante que a sociedade tenha informações sobre o desempenho de seus cientista e instituições.
"Acho que o trabalho da Folha atende aos objetivos que pretendeu alcançar", disse Hipólito, que foi incorretamente mencionado no "Ranking" como ainda vinculado ao Instituto de Física de São carlos, da USP (Universidade de São Paulo), onde desenvolveu toda a sua atividade de pesquisa.
O geógrafo Aziz Nacib Ab'Sáber, do Instituto de Estudos Avançados da USP e ex-presidente da SBPC (1993-1995), afirmou que uma das principais limitações do método adotado no trabalho da Folha está em não poder considerar adequadamente toda a produção dos cientistas ao longo de sua vida produtiva.


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