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Público é maior que o do papa João Paulo 2º
da Sucursal do Rio
"Ê, ô, ê, ô, Jesus Cristo é um terror!" A adaptação do grito de
guerra das torcidas de futebol,
cantado por grupos de fiéis que
chegavam desde cedo ao Maracanã para a celebração "Em Nome
do Pai", foi uma das marcas de
um evento que reuniu ontem, segundo a contagem feita nas roletas, 161.722 mil pessoas -o maior
público do estádio nesta década.
A celebração organizada pela
Arquidiocese do Rio e pelo movimento Renovação Carismática
bateu outros recordes. Para ver
juntos, pela primeira vez, os padres Marcelo Rossi, Zeca, Zezinho, Jorjão, Jonas Abib e Antonio
Maria, entre outros, o Maracanã
recebeu um público maior do que
nas apresentação do próprio papa
ou de artistas como Frank Sinatra
e Paul McCartney.
Em outubro de 1997, João Paulo
2º atraiu cerca de 120 mil pessoas.
Sinatra reuniu 140 mil em janeiro
de 1981; McCartney, 130 mil em
abril de 1991. O maior público foi
em 1969, no jogo Brasil 1 x 0 Paraguai, pelas eliminatórias para a
Copa de 70: 183.341 pagantes.
Além dos padres, apresentaram-se no palco 12 bandas católicas e um coral de 2.000 pessoas.
Desde as 6h, católicos chegavam aos portões do Maracanã,
que só seriam abertos às 11h. Por
volta das 10h, o clima ao redor do
estádio era de um grande clássico
de futebol -com camisas de times substituídas por camisas
com estampas de Nossa Senhora
ou do padre Marcelo Rossi.
"Aha, uhu, O Jesus é nosso!",
cantava um grupo de adolescentes de uma paróquia de Santa Teresa (centro do Rio), ao chegar ao
estádio, uma alusão ao grito de
guerra das torcidas cariocas "Aha,
uhu, o Maraca é nosso!".
Às 13h30, os portões foram fechados -lá dentro, de acordo
com a Suderj, que administra o
Maracanã, já estavam 142 mil pessoas, o que causou uma troca de
acusações entre a arquidiocese e
os administradores do estádio.
"Autorizamos 122,5 mil pessoas. A arquidiocese distribuiu
20% a mais de ingressos do que o
combinado", disse o presidente
da Suderj, Francisco de Carvalho.
"Não houve isso. Fizemos só 120
mil ingressos", disse Adionel Cunha, assessor da arquidiocese.
Com os portões fechados, houve confusão do lado de fora. Engenheiros da Suderj foram chamados para verificar se o estádio poderia receber mais pessoas. "Eles
constataram que poderíamos receber mais gente. O público de
um evento como esse é calmo,
não é o de um jogo de futebol."
Às 15h40, portões reabertos,
mais 20 mil entraram, muitos sem
convite, correndo e gritando "Ei,
ei, ei, Jesus é nosso rei".
D. Eugenio
A celebração de ontem no Maracanã estava programada para
ser inicialmente uma grande festa
da Renovação Carismática, grupo
nascido dentro da Igreja Católica
para fazer frente ao crescimento
das igrejas evangélicas.
No final, a celebração mostrou,
mais uma vez, a vitalidade do cardeal-arcebispo d. Eugenio Sales,
78, que por volta das 18h iniciou a
missa solene.
O evento vinha sendo preparado desde o início do ano pelos
fiéis ligados à Renovação. Há cerca de dois meses, d. Eugenio tomou a frente do evento.
A Folha apurou que havia preocupação de que o evento fosse mal
organizado, o que poderia arranhar a imagem da igreja. Houve
insatisfação entre os carismáticos.
A vinda do padre Marcelo ocorreu por interferência direta de d.
Eugenio. Os carismáticos haviam
tentado trazê-lo, sem sucesso. A
autorização havia sido negada pelo bispo Fernando Figueiredo, da
diocese de Santo Amaro, a quem
Rossi está subordinado.
Quando decidiu tomar para si a
organização, d. Eugenio chamou
toda a equipe que havia participado da organização da visita do papa João Paulo 2º, em outubro de
1997. Ligou para d. Fernando, seu
amigo, e explicou que era o coordenador do evento. Marcelo Rossi recebeu então autorização.
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