São Paulo, domingo, 13 de outubro de 2002

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EDUCAÇÃO

Instituição quer investir até US$ 20 milhões em curso para apenas 30 alunos; entidades médicas se opõem a nova faculdade

UniFMU vai criar escola de medicina em SP

DA REPORTAGEM LOCAL

O Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas (UniFMU) pretende criar um "mini curso" de medicina pago na capital paulista, com apenas 30 vagas. A entidade planeja comprar um hospital de médio porte para servir de hospital-escola da nova faculdade.
A restrição ao número de alunos é estratégica. A UniFMU deve enfrentar polêmica com entidades médicas contrárias à criação de novas faculdades de medicina, especialmente no Sudeste, onde já há um médico para cada grupo de 400 habitantes - o padrão da OMS (Organização Mundial de Saúde) preconiza um médico para 700 pessoas, informou o Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo).
A Cinaem (Comissão Interinstitucional Nacional de Avaliação do Ensino Médico), que reúne várias instituições médicas, é contrária aos novos cursos desde 1997, diz Reynaldo Ayer de Oliveira, ex-membro do órgão, membro do Cremesp e da Associação Brasileira de Educação Médica.
"Primeiro é necessário melhorar as escolas médicas que já existem", afirma. "Os estudos mostram que o número de médicos hoje já é suficiente."
"Exatamente por isso teremos apenas 30 vagas. É um curso inovador. Queremos fazer com que seja um modelo na reformulação do ensino médico", diz José Aristodemo Pinotti, atual chefe do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Medicina da USP e eleito deputado federal pelo PMDB no último dia 6. Pinotti, convidado para ser diretor da faculdade, encabeça o projeto, no qual a UniFMU pretende investir até US$ 20 milhões.
O futuro diretor da faculdade diz que a intenção é cobrar mensalidade abaixo do preço de custo. "Serão menos de R$ 1.000."
O centro universitário propõe que a seleção dos alunos seja feita por teste vocacional e avaliação do currículo. Os estudantes, afirma Pinotti, terão algumas atividades práticas desde o primeiro ano, educação voltada para o atendimento humanizado e conviverão com outros profissionais de saúde. "Hoje o médico aprende isolado e desenvolve um péssimo corporativismo", afirma o professor.
O UniFMU informou já ter enviado pedido para a criação do curso ao MEC (Ministério da Educação), que, na última sexta-feira, não conseguiu confirmar o andamento da solicitação.
Antes da avaliação pelo MEC, os pedidos de criação de cursos de medicina têm de passar pelo Conselho Nacional de Saúde, que não tem, no entanto, poder de veto. O conselho também já se manifestou contra os novos cursos. Tais solicitações também têm de ser deliberadas no Conselho Nacional de Educação.
Hoje, segundo as autoridades de educação, existem 23 escolas médicas no Estado de São Paulo, que formam 1.699 alunos/ano.
Amanhã, a UniFMU inaugura um complexo de ciências biológicas e saúde no campus do Ibirapuera (zona sul). É o pontapé para fortalecer seu setor de saúde. Todos os cursos da área que o centro já oferece, como enfermaria e psicologia, serão reunidos no local. De acordo com Aristodemo Pinotti, três prédios de oito andares terão clínicas, salas de treinamento e biblioteca.
Espera-se a presença do ministro Paulo Renato Souza (Educação) na inauguração.


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