São Paulo, domingo, 13 de outubro de 2002

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ENTREVISTA

Diagnóstico precoce pode curar 90% dos casos de glaucoma congênito

DA REPORTAGEM LOCAL

O diagnóstico precoce e o tratamento do glaucoma congênito podem curar 90% dos bebês que nascem com esse problema. Sem uma intervenção rápida, essas crianças tendem a ficar cegas ainda no primeiro ano de vida.
O alerta é do oftalmologista Paulo Augusto de Arruda Melo, presidente científico da Abrag (Associação Brasileira dos Portadores de Glaucoma) e professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
O glaucoma congênito, que atinge 19 mil brasileiros, ocorre pelo aumento da pressão intra-ocular do bebê ainda durante a gestação. A seguir, alguns trechos da entrevista dada à Folha.

Folha - Como a criança é afetada pelo glaucoma?
Paulo Augusto de Arruda Melo -
O glaucoma é uma malformação com que a criança nasce. Todos nós temos um líquido que é produzido e drenado e, no seu caminho, alimenta várias estruturas intra-oculares e vai para o ralo. Esse ralo das crianças nasce com uma malformação, geralmente um tecido que o encobre, ou seja, o ralo fica entupido. A criança tem uma produção do líquido, chamado humor aquoso, mas a drenagem é insuficiente, o que causa um aumento da pressão ocular. Existem vários níveis de glaucoma, alguns dos quais extremamente avançados, em que a criança nasce com a córnea esbranquiçada.
A grande preocupação é que, se a criança não for tratada precocemente, ficará cega pela vida toda. É uma coisa que pode ser evitada. Quando o quadro clínico é riquíssimo [casos avançados", o socorro é procurado rapidamente, mas, infelizmente, esses casos têm um mau prognóstico cirúrgico. Todo glaucoma congênito é cirúrgico. Nós queremos fazer o diagnóstico precoce nos bons casos, em que a criança é facilmente reabilitada.

Folha - Para quais sinais os pediatras e os pais devem ficar atentos?
Melo -
Crianças que nascem com os olhos embaçados ou muito grandes, que têm fotofobia intensa, que evitam abrir os olhos no sol ou não gostam de claridade e cujos olhos lacrimejam muito precisam ser avaliadas por um oftalmologista. Cerca de 50% dos casos de glaucoma congênitos tendem a ser percebidos primeiramente pelos pais da criança. Quanto mais precoce o tratamento, mais perto essa criança estará da visão normal.
Muitos pais acham bonitinhos os olhos grandes dos filhos, no entanto, esses olhos grandes podem ser o começo do glaucoma congênito.


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