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JOÃO BATISTA MELO (1933-2008)
A onipresença rosa dos supermercados
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
João Batista Melo era figura de encher um ambiente,
primeiro com o impacto do
sorriso e das camisas cor-de-rosa ("que eram de macho");
e logo pelo perfume borrifado sem qualquer economia,
que mudava sempre que ia
trabalhar. E ele o fazia indefectivelmente todo dia. Tanto que, hoje, sua imagem se
espalha por cada uma das lojas do Mercadinho São Luiz.
Tinha 11 anos quando começou a ajudar o pai no armazém de estivas em Fortaleza. "Dizia que a imagem
que tinha da infância era ele
passeando de mãos dadas
com o pai no supermercado",
diz a viúva. "Era o modelo
dele para tudo na vida."
João fez administração
nos EUA, para onde fora de
navio, em 1954 (dizia ter ouvido pelo rádio sobre a morte
de Getúlio Vargas). Ao voltar,
virou sócio do pai, que morreu anos depois, deixando
para ele o armazém de atacado que ele transformou em
varejo, sob o slogan "Me
acostumei com você".
"Na época da escassez do
Sarney, uma senhora ficou
dias sem leite. Sempre que
chegava, tinha acabado. Pois
ele soube e foi levar a caixa,
ele mesmo, até a casa dela",
diz a viúva. "Hoje, até as netas compram no São Luiz."
Por isso "existe o supermercado no Ceará antes e
depois de João Batista Melo", frisa a viúva. "Até os concorrentes eram apaixonados
por ele." Tinha cinco filhas,
nove netos e "um coração
enorme, literalmente". Foi a
cardiopatia que o levou à
morte, quarta, aos 75.
obituario@folhasp.com.br
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