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SAÚDE
Prematuro de oito meses, o menino está na UTI com anemia e seria submetido a transfusão de sangue ainda ontem
Nasce o 1º bebê da pílula de farinha em SP
SÍLVIA CORRÊA
da Reportagem Local
Suposta vítima das pílulas de farinha, a funcionária pública Dalva
Alves Ferreira, 32, deu à luz um
menino às 12h30 de ontem no hospital Albert Einstein (zona sudoeste de SP), onde estava internada
desde o último dia 6.
Dalva é a primeira entre as supostas vítimas paulistas do anticoncepcional Microvlar a ter a
criança. As pílulas são fabricadas
pela Schering do Brasil (não confundir com Schering-Plough).
Entre janeiro e abril, a empresa
produziu duas toneladas de placebos para testes de embalagem,
mas parte deles chegou ao mercado após suposto roubo.
Com o marido desempregado,
Dalva diz que ficou desesperada
quando descobriu em 4 de março
que estava grávida. Há um ano, a
renda da família (o casal e dois filhos) resume-se aos R$ 240 mensais que Dalva ganha na prefeitura.
Michael, o terceiro filho, nasceu
prematuro de oito meses, com 2,5
kg, e continuava na UTI até a noite
de ontem. Segundo a família, ele
estava anêmico e seria submetido
a transfusão de sangue.
O advogado de Dalva, Francisco
Abdalah Lakis, disse que sua cliente resolveu entrar na Justiça ao saber pelos meios de comunicação
do caso das pílulas de farinha.
A ação foi impetrada em 18 de
setembro contra a Shering e a
Drogasil, onde a funcionária pública diz ter comprado o remédio.
Em 24 de setembro, a juíza Maria
Adelaide de Campos França, da
26ª Vara Cível, concedeu tutela
antecipada (uma espécie de liminar), obrigando as duas empresas
citadas a pagarem os exames e as
despesas hospitalares de Dalva,
que já somam R$ 4.228, considerado o preço padrão do hospital.
O advogado afirma ter anexado
ao processo uma declaração médica que atesta que sua cliente engravidou enquanto estava tomando o Microvlar, além de uma nota
fiscal de compra do medicamento
onde constaria o número do lote.
No final da tarde de ontem, Dalva falou à Folha por telefone. Ela
disse que tomava o Microvlar desde 1990 e confirmou que a caixa
com pílulas de farinha foi comprada pelo marido no dia 11 de fevereiro na farmácia Drogasil da rua
General Carneiro (região central).
Dalva disse ainda que foi submetida à cesariana e que ligou as trompas "para evitar problemas".
O marido de Dalva, o eletricista
Ataíde Cristino, 33, afirmou que a
mulher teve uma gravidez complicada pela incompatibilidade sanguínea do casal. O problema já teria ocorrido na gestação de seu segundo filho, Michelle, 1 ano.
O Albert Einstein não divulgou
nenhuma informação sobre a paciente. Dalva é a segunda suposta
vítima do caso Microvlar a dar à
luz. Os "primogênitos", meninas
gêmeas, nasceram em 9 de setembro em Volta Redonda (RJ).
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