São Paulo, Sábado, 13 de Novembro de 1999
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SEGURANÇA
Maioria dos paulistas rejeita desconto de dinheiro na conta telefônica para custeio da segurança
Pesquisa do governo derruba Taxa 190

ALESSANDRO SILVA
da Reportagem Local

O governador Mário Covas (PSDB) desistiu ontem de enviar o projeto da Taxa 190 para votação na Assembléia.
O motivo foi a derrota na pesquisa de opinião popular encomendada pelo próprio governo, quase um mês depois de lançada a idéia: 70% dos paulistas não querem pagar a taxa.
""A partir dessa pesquisa resolvi não mandar mais. O projeto morreu", afirmou Covas.
A idéia do governo era cobrar R$ 2,50 mensais sobre as contas de telefone e investir esses recursos na compra de equipamentos para as polícias Civil e Militar.
A pesquisa do Ibope, encomendada para decidir o futuro da taxa, ouviu 2.000 pessoas esta semana em várias regiões do Estado.
A discussão da proposta custou cerca de R$ 2 milhões em menos de um mês, gastos com uma campanha publicitária e com a pesquisa. Esse dinheiro seria suficiente para construir duas unidades da Febem com capacidade para 80 adolescentes cada.
""Da minha parte o projeto não volta. Foi feita a proposta, houve debate e a sociedade não aceitou. Continuo a trabalhar para manter a polícia como a melhor do país", disse o secretário da Segurança, Marco Vinicio Petrelluzzi.
Segundo o secretário, 95% do orçamento da Segurança Pública é gasto com salários. O que sobra é insuficiente para investimentos, conforme disse quando a idéia foi lançada, há um mês. A taxa deveria render cerca de R$ 300 milhões anuais ao governo.

Pesquisa
Do total de entrevistados, 74% disseram ter conhecimento sobre a proposta do governo e 45% acharam caro o valor de R$ 2,50 por mês. Quanto mais linhas, maior seria a contribuição.
Mesmo se o preço da taxa fosse menor, ainda haveria rejeição à cobrança. Apenas 45% afirmaram ser mais favoráveis à redução da tarifa, contra 51% que pensam o contrário.
A pesquisa também mostrou desconfiança da população com o destino dos recursos: 68% dos entrevistados disseram que aceitariam mais a taxa se o dinheiro arrecadado fosse realmente utilizado para modernizar as polícias.
""A comparação com a CPMF estragou tudo", disse Osvaldo Martins, secretário de Comunicação, que coordenou a campanha pró-cobrança e a pesquisa encomendada ao Ibope.
A CPMF (Cobrança Provisória sobre Movimentação Financeira), criada pelo governo federal, previa a destinação do dinheiro para a saúde, mas acabou tendo a verba destinada a outros setores.
Segundo Martins, diferente da CPMF, a taxa não entraria na conta central do governo. Iria para um fundo, fiscalizado pela sociedade, vinculado à compra de equipamentos para as polícias.


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